O Ministério Público de Paris solicitou, nesta quarta-feira (3), o indiciamento do cineasta Benoît Jacquot pelo estupro das atrizes Julia Roy e Isild Le Besco, informaram fontes oficiais à AFP.

Jacquot foi detido para ser interrogado pela polícia na segunda-feira (1º), assim como o renomado diretor Jacques Doillon, que acabou sendo liberado no dia seguinte "por razões médicas" e não foi acusado até ao momento. 

O MP solicitou a acusação formal contra Jacquot por "estupro, agressão sexual e violência, supostamente cometidos entre 2013 e 2018" contra Roy, e por "estupro de menor, estupro por convivente, supostamente cometido entre 1998 e 2000, e em 2007" contra Le Besco. 

A instância também solicitou que o diretor fosse colocado sob controle judicial. 

"Em ambos os casos, as denunciantes que relataram fatos que não constam nas acusações retidas serão contactadas pessoalmente", destacou o MP.

A investigação preliminar teve início após a denúncia apresentada pela atriz Judith Godrèche contra os dois cineastas, que negaram as acusações.

Godrèche, de 52 anos, acusou publicamente Jacquot de estupro em fevereiro e depois, Jacques Doillon de agressão sexual, desencadeando uma nova onda do movimento #MeToo no cinema francês, com declarações públicas e queixas formais de trabalhadoras da indústria do entretenimento do país.

Paralelamente, a Justiça francesa está analisando outros casos conhecidos, como o do ator Gérard Depardieu, que aos 75 anos enfrenta várias investigações há anos. 

Em outubro, Depardieu será julgado por agressões sexuais contra duas mulheres durante filmagens em 2021.

- Caso Godrèche - 

Isild Le Besco, hoje com 41 anos, apresentou sua queixa contra Jacquot no final de maio. A atriz, que começou no cinema francês no final da década de 1980, rodou cinco filmes sob a direção do cineasta: "Sade" (2000), "Adolphe" (2002), "Até já" (2004), "Dalit - Intocável" (2006) e "No fundo da floresta" (2010), bem como um filme para televisão, "Marie Bonaparte" (2004).

Já Julia Roy rodou quatro filmes dirigidos por Jacquot: "Até Nunca Mais" (2016), "Eva" (2018), "O Último Amor de Casanova" (2019) e "Suzanna Andler: Sob o Sol da Riviera", há três anos.

O caso Godrèche remonta há quase 40 anos, quando a atriz iniciava no cinema francês, e estas acusações poderiam ter expirado, segundo fontes judiciais.

Benoît Jacquot foi seu companheiro a partir de 1986 e o casal assumiu um relacionamento público até sua separação em 1992.

A atriz afirma que a relação com o cineasta era de "controle" e "perversão".

Quanto a Doillon, Godrèche o acusou de "colocar os dedos na [sua] calcinha" durante os ensaios de um filme lançado em 1989. Naquela época ela tinha 15 anos e estava namorando Jacquot.

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