Bhole Baba, um ex-policial que se tornou guru, ganhou grande popularidade entre a população mais pobre e marginalizada do estado de Uttar Pradesh, no norte da Índia, antes que seu último sermão terminasse em uma tragédia que deixou 121 mortos.
Cerca de 250.000 pessoas, mais que o triplo do número autorizado pela polícia, se reuniram na terça-feira (2) em Hathras, cidade próxima ao famoso Taj Mahal, para ouvir o religioso.
Os organizadores inicialmente atribuíram uma tempestade de poeira como a causa do movimento de pânico, mas testemunhas afirmam que, quando Bhole Baba estava partindo, a multidão o seguiu e algumas pessoas provocaram um tumulto ao tentar tocá-lo.
Incidentes fatais são comuns em locais de culto na Índia durante grandes eventos religiosos.
O país abriga inúmeros gurus ou “homens de Deus”, que são adorados por seus seguidores por milagres e frequentemente presenteados com dinheiro em sinal de devoção.
Antes da tragédia, poucas pessoas ou quase ninguém na Índia tinha ouvido falar de Bhole Baba, cujo nome real é Suraj Pal. Nascido em Uttar Pradesh, em uma família de agricultores, ele foi policial em Agra, cidade onde está localizado o Taj Mahal, antes de se aposentar na década de 1990 para seguir sua devoção, de acordo com o Indian Express.
O guru ganhou grande popularidade entre os mais pobres e também entre as castas mais desfavorecidas, como os jats, que têm grande peso político em Uttar Pradesh, onde Bhole Baba administra um monastério em Mainpuri, não muito longe do local onde ocorreu a tragédia. Seus sermões semanais atraem milhares de pessoas, especialmente mulheres, e seus encontros para orações têm grande alcance nas redes sociais.
Imagens de suas reuniões anteriores o mostram vestido completamente de branco, sentado em uma cadeira ricamente ornamentada, dirigindo grandes multidões de devotos, a maioria mulheres.
"Se você distribuir flores, receberá guirlandas em troca", ele prega em um sermão transmitido pelo YouTube, exaltando as virtudes da bondade.
"Tudo o que ele diz é 'não roube, não faça o mal e seja honesto'", resume Ram Sanai, uma mulher de 65 anos que estava entre a multidão na terça-feira. Ele insta as pessoas a não consumirem muito álcool e oferece conselhos às mulheres vítimas de violência doméstica.
"Aqueles que participam de seus encontros dizem que todos os seus problemas são resolvidos quando voltam para casa", afirma.
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