Milhares de pessoas celebraram neste domingo (7) na Praça da República, em Paris, a inesperada vitória da Nova Frente Popular (NFP) nas eleições legislativas, apesar do crescimento da extrema direita.
Às 20h locais, gritos de alegria e surpresa ecoam entre os presentes nesta emblemática praça parisiense, que haviam se reunido para protestar contra a esperada vitória da extrema direita.
"Os varremos. É incrível", comemora um jovem, cuja voz aos poucos se perde nos crescentes aplausos. "Nos dá esperança", diz Jihane, de 17 anos, com um grande sorriso e ainda sem idade para votar.
Em seguida, a multidão começa a cantar em uníssono em italiano e a bater palmas: "Siamo tutti antifascisti" (Somos todos antifascistas).
"Pensávamos que estaríamos chateados, mas no final estamos muito felizes, então gritamos nossa alegria. Abraçamos desconhecidos", conta feliz Fabio de la Fontaine, de 21 anos.
Para surpresa de todos, a coalizão de esquerdas NFP lidera as legislativas sem maioria absoluta, de acordo com as projeções, à frente da aliança de centro-direita do presidente Emmanuel Macron e da extrema direita.
Segundo a polícia, 8.000 pessoas se reuniram nesta praça. Apesar do clima festivo, as forças de segurança receberam projéteis durante a noite, relatou uma fonte policial à AFP.
Um imenso tecido nas cores azul, branco e vermelho da bandeira da França foi erguido na estátua de Marianne, um dos símbolos da França, com as palavras: "França é um tecido de migrações".
- "Um dia histórico" -
Doria Ducly Benglia, de 29 anos, admite que começou a chorar após o anúncio dos resultados. "Nós derrotamos o fascismo. É um dia histórico", celebra a mulher, que votou pela primeira vez em 9 de junho nas eleições europeias.
A jovem afirma estar feliz por sua tia, que tem um visto de residência, sua mãe que veio da Argélia e seu pai italiano, e por poder ser a voz "de todas as pessoas que não podem votar e de todas as minorias".
Com sua bandeira da Ucrânia enrolada no corpo, Antonina Gain, de 24 anos, está "muito contente com os resultados".
"Esta noite é uma vitória para mim e para a Ucrânia", diz a jovem franco-ucraniana. "Uma maioria para o RN teria sido um desastre para o fornecimento de armas e o apoio à Ucrânia em geral", aponta.
No entanto, vários entrevistados pela AFP expressam uma alegria contida, até "silenciosa".
Yvan Grimaldi, assistente social de 61 anos, se declara "aliviado, mas não totalmente satisfeito". "Ainda não nos livramos da extrema direita na França. Nós os detivemos por um tempo, mas isso vai continuar", alerta.
"Na verdade, é assustador, porque parece que a cada eleição, o RN se fortalece", lamenta Valentine, de 23 anos.
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