Milhares de voluntários vieram nesta segunda-feira (8) retirar tijolos e detritos deixados por um devastador bombardeio russo contra um hospital infantil na capital ucraniana, onde mais de 30 pessoas morreram em uma onda de ataques em várias cidades.
Pouco depois de os sobreviventes do bombardeio terem saído do bunker subterrâneo do hospital infantil Okhmatdyt, em Kiev, uma multidão formou uma corrente humana para remover os escombros, pedaço por pedaço.
Vizinhos, equipes de resgate, militares e médicos correram para o local após saberem que havia pessoas presas sob os escombros.
O bombardeio foi causado, segundo as autoridades ucranianas, por um míssil de cruzeiro russo que destruiu várias partes do hospital.
Quando os mísseis começaram a cair sobre Kiev, Pavlo Holoviy correu para o hospital infantil, onde seu filho se recuperava de uma operação recente.
Quando ele chegou, ainda saía fumaça dos escombros.
O homem de 37 anos afirmou que foi “impossível conter” a emoção depois de encontrar a mulher e o filho sãos e salvos.
“Honestamente, o principal era ver minha esposa e meu filho, não prestei atenção no resto”, disse Holoviy.
Pacientes, funcionários e familiares correram para o abrigo subterrâneo assim que os alarmes soaram na manhã desta segunda-feira (8), segundo Natalia Svidler, 40.
“Ouvimos um estrondo e então o teto do porão desabou um pouco”, disse Svidler, cujo filho, Illia, seria operado esta semana.
“Todos ficaram muito assustados, é claro. Todos começaram a gritar e a correr”, disse ela.
No início da manhã, o alerta de bombardeio soou e os médicos decidiram transferir pacientes e funcionários para o porão do hospital.
“Por alguma razão, sempre pensamos que Okhmatdyt estava protegido”, disse Nina, uma funcionária do estabelecimento de 68 anos.
“Tínhamos 100% de certeza de que [os russos] não atacariam aqui”, disse ela à AFP, contando como o pessoal de saúde começou a transportar crianças conectadas a um soro intravenoso para o abrigo subterrâneo o mais rápido possível.
"Que me matassem! Eu já vivi! Mas por que essas crianças?", perguntou-se.
- Hospital "destruído" -
Nos corredores e ao redor do hospital, onde as equipes de resgate foram mobilizadas em busca de sobreviventes, havia poças de sangue e vidros quebrados.
"As instalações estão destruídas. Nesta situação, provavelmente será impossível trabalhar", disse Oleksander, médico do hospital.
Um socorrista jogou uma pequena mochila rosa através de uma janela, e outros removeram tijolos do chão para abrir caminho para os médicos.
O corpo de um adulto jazia, coberto por um lençol branco, sobre um gramado próximo ao hospital.
Mais tarde, outra explosão ocorreu na capital, forçando equipes de emergência e voluntários a se protegerem.
Segundo as autoridades locais, outro centro médico em Kiev foi atingido por outro ataque, deixando pelo menos quatro mortos.
As forças russas atacaram várias cidades na Ucrânia nesta segunda-feira (8), matando mais de 30 pessoas e ferindo dezenas, segundo as autoridades.
O Ministério da Defesa russo, por sua vez, destacou que os danos em Kiev foram causados por mísseis de defesa aérea ucranianos.
Os bombardeios desta segunda-feira (8) ocorreram numa altura em que, na linha da frente, o Exército russo vem ganhando terreno há meses e tenta aproveitar as dificuldades do exército ucraniano para reabastecer as suas fileiras e obter mais armas e munições do Ocidente.
Coincidiram também com uma visita do Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, a Varsóvia, antes de participar numa cimeira da Otan em Washington, onde se espera que peça mais apoio militar aos seus aliados.
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