O presidente do Paraguai, Santiago Peña, disse nesta segunda-feira(8) que o Mercosul está "cansado de integração" ao abrir uma cúpula de presidentes à qual o bloco chega com um acordo estagnado com a União Europeia, uma negociação difícil com a China e a ausência do presidente argentino Javier Milei.
"Estamos um pouco cansados de integração e temos que renovar a cultura de integração; esses espaços são importantes", disse Peña à imprensa no porto de Assunção, onde recebe alguns de seus colegas do bloco sul-americano: Luiz Inácio Lula Da Silva, Luis Lacalle Pou, do Uruguai, e Luis Arce, da Bolívia.
A Argentina, segunda economia do bloco, será representada pela ministra das Relações Exteriores, Diana Mondino, depois que seu presidente decidiu não comparecer à cúpula e participou no domingo de um fórum conservador em Santa Catarina, onde se reuniu com o ex-presidente Jair Bolsonaro.
A chanceler argentina disse em reunião ministerial no sábado que o bloco regional "precisa de um choque de adrenalina" e pediu "novas modalidades de negociação mais flexíveis".
"O Mercosul avançou muito na década de 1990, mas na década de 2000, quando se acreditava que haveria uma integração mais profunda (...), houve uma mudança de tendência com um viés ideológico que dispersou o bloco", lamentou Peña.
A flexibilidade - que permite aos membros do bloco negociar acordos com terceiros sem o consentimento de seus parceiros - é uma reivindicação antiga do Uruguai, que promoverá um acordo com a China quando assumir a presidência semestral do grupo no final deste ano.
A missão é difícil já que o Paraguai não tem relações com o país asiático porque reconhece Taiwan como a República da China, algo que Pequim não aceita.
"Não estamos fechados à negociação como bloco, mas não estamos dispostos a renunciar a uma negociação de mais de 66 anos com a República da China", explicou Peña, ao ser consultado se aprovaria um TLC com Pequim.
O encontro ocorre ainda em meio à estagnação das tratativas para um acordo de livre comércio com a União Europeia (UE), negociado há mais de 20 anos e que prevê eliminar a maioria das taxas entre as duas zonas, o que criaria um espaço comercial de mais de 700 milhões de consumidores.
O acordo é resistido por alguns países europeus, principalmente a França, cujo setor agropecuário teme a concorrência dos produtos agrícolas sul-americanos.
"Deveríamos ter concluído essa negociação no ano passado" quando "as condições estavam postas após tantos anos", lamentou no sábado o chanceler uruguaio, Omar Paganini.
Ao contrário, agora "o panorama para o que resta do ano está longe de ser o melhor e isso era previsível", afirmou.
O boliviano Luis Arce deve formalizar a entrada de seu país no bloco após promulgar a lei de adesão na sexta-feira, dias após ter frustrado o que qualificou como tentativa de golpe de Estado em La Paz.
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