Pouco acostumados a se enfrentarem em fases tão decisivas em grandes competições, a Holanda encara nesta quarta-feira às 16h (horário de Brasília) nas semifinais da Euro-2024, uma Inglaterra que passou de favorita a 'equilibrista', após uma campanha na corda bamba em que por pouco não foi eliminada.
No jogo em Dortmund, a Inglaterra deveria entrar em campo como favorita, por sua condição de vice-campeã na última edição do torneio e por ter um elenco repleto de jogadores talentosos. Mas não será esse o caso, devido à pouca eficiência dos 'Three Lions' até o momento e à boa fase holandesa.
Desse jogo equilibrado, sairá o adversário da Espanha, que nesta terça-feira já garantiu sua vaga na final ao vencer a França de virada por 2 a 1.
- "Desafia a lógica do futebol" -
"A Inglaterra desafia a lógica do futebol, não é normal jogar tão mal e ainda assim vencer", disse amargamente o ex-jogador da seleção inglesa Jamie Carragher, depois da classificação para a semifinal, no Daily Telegraph.
Na Alemanha, a seleção comandada por Harry Kane só venceu na estreia no jogo contra a Sérvia (1-0) ao final dos 90 minutos regulamentares.
Em seguida, fechou a fase de grupos com empates contra a Dinamarca (1-1) e a Eslovênia (0-0), superou a Eslováquia (2-1) nas oitavas de final na prorrogação e nas quartas de final venceu a Suíça nos pênaltis (5-3) após um empate em 1 a 1.
Entre a cautela e a incapacidade de acelerar, a Inglaterra se mostra hesitante, por vezes ansiosa, e luta para transformar o seu considerável talento ofensivo em gols: nos jogos de eliminação direta, chutou apenas cinco vezes na direção da baliza em 240 minutos.
- Ingleses "muito unidos" -
Apesar de tudo isso, a seleção do técnico Gareth Southgate chegou ao 'Top 4' de um grande torneio pela terceira vez em quatro ocasiões, depois de já ter conseguido o feito na Copa do Mundo de 2018 (derrota para a Croácia nas semifinais) e na Euro de 2021 (vitória sobre a Dinamarca).
A final contra a Espanha, que será disputada no dia 14 de julho, em Berlim, está a poucos passos de um grupo animado por sua resiliência e solidariedade.
"Esses dois últimos jogos nos uniram como grupo. Sempre fomos um grupo muito unido, mas quando você passa por uma prova como essa, nos une ainda mais", garantiu o zagueiro Luke Shaw.
A Holanda cultivou a sua esperança de outra forma. Depois de uma fase de grupos discreta, com uma vitória, um empate e uma derrota, pisou no acelerador contra a Romênia (3-0) e ganhou de virada da Turquia (2-1).
Fez isso deixando a impressão de ter subido um degrau ao longo do torneio e com a facilidade de criar oportunidades, duas vantagens que a Inglaterra não possui.
O técnico Ronald Koeman conta especialmente com Memphis Depay e Cody Gakpo, dois atacantes decisivos nos gramados alemães.
Posicionado na ponta esquerda e não no centro como faz no Liverpool, Gakpo coloca os defensores adversários em apuros devido à sua capacidade de atacar e finalizar.
O jogador de 25 anos marcou três gols em cinco jogos, o que o coloca como um dos artilheiros da competição. Ele também foi o protagonista do gol contra do turco Mert Müldur, que mandou para a própria meta quando estava sendo pressionado pelo jovem holandês.
- Vinte anos de espera -
Gakpo não é o único jogador do campeonato inglês de sua seleção: o lateral Bart Verbruggen (Brighton), seu companheiro e capitão em Anfield Virgil Van Dijk, Nathan Aké (Manchester City) e Micky van de Ven (Tottenham) também disputam a Premier League.
"Se olharmos para a qualidade dos jogadores das duas seleções, podemos esperar que o ritmo e o nível sejam muito elevados", antecipa Van de Ven.
Os holandeses estão mais uma vez confiantes de que a maré laranja irá intimidar a Inglaterra e ajudá-los a chegar à primeira final de um grande torneio desde a Copa do Mundo de 2010 (quando perderam para a Espanha).
No momento, a Holanda conseguiu retornar às semifinais, dez anos depois de alcançá-las na Copa do Mundo de 2014 e vinte anos depois da Eurocopa de 2004.
Uma fase da competição em que foi eliminada algumas vezes: depois de se sagrar campeã continental em 1988, também na Alemanha, com uma seleção histórica que tinha Gullit, Van Basten e Rijkaard, os holandeses perderam as três semifinais seguintes que disputaram na Eurocopa (1992, 2000 e 2004).
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