Pelo menos 263 jornalistas viram-se obrigados a sair da Nicarágua pela perseguição sofrida após os protestos de 2018 contra o governo, segundo um relatório da Fundação pela Liberdade de Expressão e Democracia (FLED). 

A ONG detalhou em um relatório trimestral sobre violações à liberdade de imprensa na Nicarágua que "a cultura de censura, exílio, ameaças e restrições contra o jornalismo independente e as vozes críticas 'mantém seu esplendor'" sob o governo do socialista Daniel Ortega. 

A FLED, que funciona na Costa Rica, disse que, durante o trimestre abril-junho, 34 profissionais da comunicação deixaram a Nicarágua por "agressões à liberdade de imprensa" com discursos estigmatizantes como o fato mais recorrente. 

"A Nicarágua utiliza seus porta-vozes governistas para tentar desacreditar o trabalho dos homens e mulheres da imprensa, assim como minimizar o impacto dos meios de comunicação independentes", indicou o relatório. 

Também denunciou que agentes policiais e paramilitares "visitaram e intimidaram" jornalistas, inclusive sob ameaça de prendê-los se não respondessem às suas perguntas. 

Dos 34 jornalistas que saíram do país centro-americano no trimestre passado, 17 tiveram que se exilar porque "o Estado da Nicarágua os persegue", disse a ONG, que faz parte da rede regional de defesa da imprensa Vozes do Sul. 

Em junho, a Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) indicou em um relatório sobre a Nicarágua que pelo menos 128 opositores se encontram presos "arbitrariamente" em um contexto de "crise de direitos humanos" sob o governo de Ortega. 

O ex-guerrilheiro, que governou na década de 1980 após o triunfo da revolução sandinista e voltou ao poder em 2007, afirma que as manifestações de 2018 foram uma tentativa de golpe de Estado patrocinada por Washington. Segundo a ONU, em três meses de protestos, mais de 300 pessoas morreram. 

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