O hospital que implementou o primeiro banco de leite materno para bebês prematuros em Karachi, no Paquistão, está negociando sua reabertura depois que líderes religiosos o consideraram contrário ao islã, declararam médicos e o Conselho de Ideologia Islâmica nesta sexta-feira (12).

O banco de leite havia recebido aprovação religiosa de um seminário islâmico provincial em dezembro, mas este aval foi retirado quase imediatamente após sua abertura em junho, forçando o seu fechamento.

"O leite materno é o único meio para melhorar as possibilidade de sobrevivência de bebês prematuros", declarou Jamal Raza, médico e diretor-executivo do Instituto de Saúde Infantil e Neonatologia de Sindh, onde foi criado o banco.

"As pessoas não sabem o que é. Só os prematuros iriam receber esse leite", acrescentou.

Este centro é destinado a ajudar bebês prematuros em um país com taxa de mortalidade neonatal de 39 mortes a cada 1.000 nascimentos, segundo a Agência das Nações Unidas para a Infância (Unicef), uma das mais altas do sul da Ásia.

Um édito religioso, ou fatwa, aprovando o estabelecimento, foi publicado em dezembro de 2023 por Jamia Darul Uloom, um órgão consultivo islâmico provincial. 

Contudo, o Conselho de Ideologia Islâmica, uma instância religiosa nacional, expressou preocupação sobre o risco de violação dos códigos islâmicos sobre parentesco.

"A família da criança deve saber quem são os doadores para não complicar a questão dos futuros casamentos entre suas famílias", declarou à AFP o diretor de pesquisa do conselho, Inamulá, que usa apenas um nome.

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