Quatro dos cinco acusados pelo homicídio do candidato presidencial Fernando Villavicencio, assassinado a tiros em um comício em Quito, negaram sua responsabilidade no crime durante o julgamento perante um tribunal do Equador nesta sexta-feira (12).

Laura Castillo, apontada como responsável por entregar motos e veículos aos atiradores, decidiu exercer seu direito ao silêncio, enquanto os demais deram breves depoimentos nos quais se declararam inocentes. O crime ocorreu em 9 de agosto de 2023, poucos dias antes do primeiro turno das eleições gerais antecipadas.

Villavicencio foi atingido por um tiro na cabeça ao sair de um evento político no norte da capital equatoriana. O assassino morreu durante uma troca de tiros com os seguranças do candidato. A polícia prendeu seis colombianos envolvidos, mas todos foram assassinados na prisão.

Carlos Angulo, a quem a Promotoria acusa de ter dado a ordem para atirar de dentro de uma prisão, afirmou ser um "bode expiatório" e que "não provaram" que ele pertence "a um grupo criminoso".

Ângulo, que tem 31 anos e é pedreiro de ofício, prestou sua declaração de forma remota de uma prisão em Guayaquil (oeste). Conhecido pelo apelido de "Invisible", ele estava na prisão de Cotopaxi (centro andino) quando ocorreu o assassinato. Além disso, as autoridades o apontam como líder de uma facção da gangue criminosa Los Lobos, uma das maiores do país.

Angulo "seria o autor mediato deste crime, já que teria ordenado a execução da ação valendo-se de outra pessoa", disse a promotora Ana Hidalgo em suas alegações finais.

Segundo sua investigação, na véspera do homicídio, o homem participou de uma videoconferência com os matadores de aluguel.

Erick Ramírez (31 anos), Víctor Flores (colombiano, 38) e Alexandra Chimbo (21) afirmaram não ter relação com o assassinato e, assim como os demais, se negaram a responder perguntas da Promotoria.

Sete pessoas foram ligadas ao caso, mas uma foi absolvida e outra morreu, segundo o Ministério Público, que não deu detalhes sobre o falecimento desta última. O órgão abriu de ofício outras duas investigações para apurar possíveis omissões no caso.

Os acusados podem ser condenados a penas de até 30 anos de prisão, de acordo com os advogados.

Villavicencio foi um jornalista investigativo que revelou vários escândalos de corrupção. Suas descobertas envolveram altos funcionários, incluindo aliados do ex-presidente socialista Rafael Correa (2007-2017).

Entre os depoimentos apresentados ao longo do julgamento que começou em 25 de junho, uma testemunha protegida afirmou que a "cabeça" do candidato "valia 200.000" dólares e que o governo de Correa estava envolvido no caso.

O ex-presidente, que vive na Bélgica e é considerado foragido no Equador, nega qualquer vínculo com o crime.

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