Diante da desaceleração econômica, muitos chineses estão adotando medidas para reduzir o seu estilo de vida, cozinhando em casa em vez de comer fora, poupando mais ou limitando as férias.

"Este ano, tanto as empresas como as pessoas estão sentindo realmente a pressão econômica", declarou à AFP Yu Qi, um funcionário do setor de seguros de 55 anos.

O crescimento econômico da China registrou mais uma desaceleração no segundo trimestre de 2024, com um aumento de apenas 4,7% em uma base anual.

O resultado, anunciado nesta segunda-feira (15), seria considerado algo além das expectativas por outros países. Mas no caso da China representa o menor índice registrado desde o início de 2023, pouco depois do fim das restrições draconianas contra a covid-19, que afetaram a atividade econômica. 

O dado também está muito longe do crescimento de mais 10% com o qual o país se acostumou no período 1980-2010.

A economia é parte central da agenda de uma reunião política de alto escalão que acontece até quinta-feira (18) em Pequim, com a presença do presidente Xi Jinping.

- Roupas e férias -

"Há dois anos, nós saíamos várias vezes para comer um 'hot pot' no restaurante. Mas agora, para economizar, cozinhamos em casa", explica Zhao Qing, 39 anos, que trabalha no setor de finanças.

"Com as roupas, eu frequentava as grandes lojas de departamentos. Agora, (compro) mais pela internet ou em pequenas lojas, para encontrar roupas mais baratas", disse.

Tudo estimula os chineses a reduzir o consumo, da crise no setor imobiliário à elevada taxa de desemprego entre os jovens formados, passando pelas dificuldades para mudar de emprego ou os vários estabelecimentos comerciais que fecharam as portas durante a pandemia.

"Viajamos menos ao exterior nas férias, damos prioridade aos destinos mais próximos e por menos dias, para reduzir custos", explica Li Xiaojing, 43 anos, funcionário de um escritório na capital.

Ainda assim, ele destaca que nem tudo será sacrificado. "Os últimos gastos que vamos cortar são as atividades das crianças", afirma.

- "Não é tão grave" -

Todos afirmam, no entanto, que abandonaram as grandes despesas, como a compra de imóveis.

"Acreditamos que a economia permanecerá estagnada durante algum tempo, por isso há um certo pessimismo (...) Todos tendem a administrar o dinheiro de maneira mais prudente e a economizar", destaca Li Xiaojing.

"Observando a atual situação, uma melhoria, mesmo leve, não parece possível a curto prazo", comentou Yu Qi, que disse esperar "um mundo mais pacífico" e, portanto, mais propício para as transações econômicas sem grandes sustos, em uma referência velada às relações entre Pequim e Washington.

A maioria dos chineses expressa otimismo a longo prazo e confiança no potencial do país em termos de inovação.

"Quando eu tinha 20 anos e era recém-formado na universidade, o crescimento era assombroso. Então, se agora, durante um tempo, estagnar ou desacelerar um pouco, também não é tão grave", disse Li Xiaojing.

"A economia funciona por etapas. Às vezes prospera, às vezes desacelera. Agora, estamos em um cenário difícil", destaca Zhao Qing. "Mas estou convencida de que a situação vai melhorar", conclui.

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