A dez dias da abertura dos Jogos Olímpicos, o presidente da França, Emmanuel Macron, aceitará nesta terça-feira (16) a renúncia de seu governo, mas o Executivo permanecerá à frente do país de maneira interina, enquanto a disputa continua para definir a próxima maioria de governo. 

Durante uma reunião do Conselho de Ministros. o presidente informou ao premiê Gabriel Attal e à sua equipe que o governo passará a ser interino no final do dia, disseram à AFP várias fontes presentes na reunião. 

Também deu a entender que a situação pode "durar algum tempo", inclusive "semanas", provavelmente até o final dos Jogos Olímpicos de Paris, que começam em 26 de julho e terminam em 11 de agosto, acrescentaram. 

O gabinete se reuniu nove dias após o segundo turno das legislativas, celebradas de maneira antecipada após o revés sofrido por Macron nas eleições europeias de 9 de junho, nas quais o ultradireitista Reagrupamento Nacional (RN) foi o partido mais votado na França. 

A eleição de dois turnos deixou o hemiciclo fragmentado, no qual nenhum partido ou coalizão obteve a maioria absoluta de 289 deputados. 

A Nova Frente Popular (NFP), uma aliança de esquerda que inclui socialistas, comunistas, ambientalistas e a esquerda radical do A França Insubmissa, ficou em primeiro lugar, à frente da aliança de centro-direita de Macron (164 assentos) e da extrema direita (143).

A renúncia do Governo permitirá a vários membros que foram eleitos deputados que participem da eleição de quinta-feira do novo presidente da Assembleia Nacional, a Câmara Baixa do Parlamento. 

A política francesa encontra-se em um momento de incerteza, já que ainda não se sabe qual força conseguirá formar um governo. 

- Divisão na esquerda -

A dois dias do início da nova legislatura, o campo do presidente Macron tenta aglutinar uma maioria alternativa à esquerda. 

Até agora, os olhares se centram para o partido de direita Os Republicanos (LR). Um acordo com seus quase 40 deputados permitiria ao bloco macronista superar em assentos a aliança de esquerda, porém sem alcançar a maioria absoluta. 

Durante o Conselho de Ministros, Macron destacou que seu campo tinha a "responsabilidade" de "colocar uma proposta sobre a mesa com vistas a uma coalizão minoritária ou a um amplo pacto legislativo", indicou um participante à AFP. 

Em uma carta aos franceses na quarta passada, Macron havia pedido às "forças políticas que se identificam com as instituições republicanas" que construíssem uma "maioria sólida" no Parlamento. 

O chamado do mandatário parecia orientado a excluir a ultradireitista RN e a principal formação da NFP, A França Insubmissa (LFI), dirigida por Jean-Luc Mélenchon, que gera reticências em outras forças. 

Na esquerda, as negociações seguem travadas para se chegar um acordo sobre o candidato ao cargo de primeiro-ministro. 

As maiores divergências se dão entre os socialistas e o LFI, que anunciou na segunda-feira que estava abandonando as negociações até que se chegasse a um acordo em torno de um candidato comum para a presidência da Assembleia Nacional. 

Pouco depois, os socialistas, comunistas e ecologistas propuseram ao LFI que a especialista do clima Laurence Tubiana, considerada uma das idealizadoras do Acordo de Paris de 2015, fosse candidata à primeira-ministra. 

Mas o partido de esquerda radical descartou essa possibilidade, já que consideram a professora, de 73 anos, próxima a Macron. 

Durante o fim de semana, os socialistas descartaram, por sua vez, a sugestão do LFI, ecologistas e comunistas de oferecer o cargo a Huguette Bello, uma ex-deputada comunista de 73 anos que atualmente é presidente do Conselho Regional da Ilha da Reunião, um território francês no Oceano Índico. 

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