O primeiro-ministro holandês, Dick Schoof, prometeu nesta quarta-feira (17) continuar buscando justiça para as vítimas da derrubada do voo MH17 da Malaysia Airlines na Ucrânia, quando se completa dez anos da tragédia e apesar das poucas esperanças de que os responsáveis terminem atrás das grades.
Até agora, a Rússia recusou-se a extraditar três homens condenados por um tribunal holandês pelo seu papel na queda do avião. No ano passado, investigadores internacionais suspenderam o seu trabalho porque não tinham provas suficientes para processar mais suspeitos.
"Continuamos unidos na nossa luta por justiça. É isso que nos move", disse Schoof em uma cerimônia nesta quarta-feira na presença de centenas de familiares das vítimas e funcionários do governo.
A cerimônia foi realizada em um parque memorial próximo ao aeroporto de Schiphol, de onde o voo decolou em 17 de julho de 2014.
Horas depois, o avião, um Boeing 777 com destino a Kuala Lumpur, capital da Malásia, foi derrubado por um míssil terra-ar BUK de fabricação russa enquanto sobrevoava o leste da Ucrânia, então nas mãos de separatistas russos. Todas as 298 pessoas a bordo morreram.
"Todos sabem que uma condenação não é o mesmo que alguém atrás das grades", disse Schoof, afirmando que "a justiça exige que estejamos preparados para o longo prazo".
"E estamos. Temos tempo, paciência e perseverança. Essa é a minha mensagem aos culpados e a minha promessa às famílias", disse ele durante a cerimônia, transmitida ao vivo pela televisão nacional.
Em novembro de 2022, um tribunal holandês condenou três homens à revelia pelo seu papel na derrubada do avião.
Segundo os juízes, os russos Igor Guirkin e Sergei Dubinsky e o ucraniano Leonid Kharchenko transportaram o míssil BUK de uma base militar na Rússia e o posicionaram no local de lançamento, embora não tenham sido eles que o lançaram.
Nenhum dos suspeitos participou do julgamento ou reconheceu seu papel no incidente.Um quarto homem, Oleg Pulatov, foi absolvido.
- Bandeiras a meio mastro -
Evert van Zijtveld, que perdeu a filha Frederique, de 19 anos, o filho Robert-Jan, de 18, e os sogros, disse à AFP que não acredita que "os responsáveis cumprirão as suas penas".
Mas outros, como Driekske Bakker, de 71, que perdeu o irmão e a cunhada, disse ter "sentimentos confusos". "Estou feliz que pelo menos tenha havido um julgamento e eles não possam deixar a Rússia (…) eles não estão completamente livres", afirmou.
Entre as vítimas estão 196 holandeses, 43 malaios e 38 australianos. Seus nomes foram lidos por seus familiares na cerimônia.
Em várias partes dos Países Baixos, bandeiras foram hasteadas a meio mastro e o aeroporto de Schiphol fechou uma pista próxima em sinal de respeito.
No Parlamento de Camberra, na Austrália, também foi realizada uma cerimônia em homenagem às vítimas.
A Austrália "não cederá nos seus esforços para responsabilizar a Rússia", disse a ministra das Relações Exteriores, Penny Wong, a familiares e dignitários.
A União Europeia pediu na terça-feira à Rússia que "aceite a sua responsabilidade por esta tragédia e coopere plenamente a serviço da justiça".
De acordo com o representante da política externa da UE, Josep Borrell, as provas apresentadas durante o julgamento do MH17 "deixam muito claro que o sistema de mísseis terra-ar BUK usado para derrubar o voo MH17 pertencia sem dúvida às forças armadas da Federação Russa".
Até agora, Moscou recusou-se a extraditar os suspeitos, argumentando que isso é ilegal segundo a legislação russa. A embaixada russa em Haia negou novamente qualquer envolvimento de Moscou e culpou as autoridades ucranianas.
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