SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - A escolha de J.D. Vance como candidato à vice-presidência dos Estados Unidos pelo Partido Republicano reavivou as antigas críticas do senador a Donald Trump, agora seu companheiro de chapa.
Exemplos não faltam. James David Vance foi alçado à fama após publicar "Hillbilly Elegy" ("Era Uma Vez Um Sonho"), um livro sobre a classe operária branca americana com base na sua própria história, em 2016 --justamente o ano em que Trump surpreendeu analistas e institutos de pesquisa ao chegar à Casa Branca.
Na época, o agora aliado do ex-presidente foi questionado em entrevistas sobre o político e escreveu para jornais sobre o fenômeno Trump. O veredicto era que o republicano tinha propostas "imorais e absurdas", mas tocava em questões caras ao grupo de que seu livro trata.
Em uma conversa privada, Vance foi além e afirmou que Trump era um "Hitler da América". Seu interlocutor, o agora senador democrata Josh McLaurin, vazou a mensagem em 2022, ano em que Vance concorreu ao Senado por Ohio, já aliado às ideias do então presidente.
A mudança de tom começou a ocorrer em 2019, quando Vance passou a elogiar algumas políticas de Trump. Em 2021, ele se desculpou pelas críticas ao agora aliado em uma entrevista à Fox News e afirmou à revista Time que Trump não deveria ser condenado pela invasão do Capitólio.
"Houve algumas maçãs podres no 6 de Janeiro, muito claramente, mas a maioria das pessoas lá era realmente superpacífica", disse ele. O motim incentivado por Trump deixou cinco mortos e mais de 100 policiais feridos. No ano seguinte, quando concorreu ao Senado, Vance apagou as publicações no X nas quais criticava o ex-presidente.
Relembre abaixo o que Vance já falou sobre o Trump.
"Eu oscilo entre pensar que Trump é um idiota cínico como Nixon, que não seria tão ruim (e poderia até ser útil), ou que ele é o Hitler da América".
A Josh McLaurin, colega de universidade que se tornou senador pelo Partido Democrata, em uma mensagem pelo Facebook vazada (2016)
"Companheiros cristãos, todos estão nos observando quando pedimos desculpas por este homem. Senhor, ajude-nos".
Na rede social X, após a divulgação de um vídeo de 2005 do programa de TV 'Access Hollywood' no qual Trump afirmava que poderia agarrar mulheres pela vagina por causa da fama (2016).
"Rapidamente percebi que as propostas políticas reais de Trump, tais como são, variam entre imorais e absurdas".
Em artigo para o jornal americano USA Today (18.fev.2016)
"Trump é inadequado para o mais alto cargo da nossa nação".
Em artigo para o jornal americano The New York Times (4.abr.2016)
"O que Trump oferece é uma fuga fácil da dor. Para cada problema complexo, ele promete uma solução simples. (...) As promessas de Trump são a agulha na veia coletiva da América. (...) Trump é heroína cultural".
Em artigo na revista americana The Atlantic (4.jul.2016)
"Não tenho estômago para o Trump. Acho que ele é nocivo e está levando a classe trabalhadora branca para um lugar muito sombrio".
Em entrevista à NPR, rádio pública dos EUA, ao afirmar que talvez votasse em alguém de um terceiro partido nas eleições de 2016, que deram vitória a Trump (17.ago.2016)
"Trump deixa as pessoas com quem me importo com medo. Imigrantes, muçulmanos etc. Por isso eu o considero repreensível. Deus quer o melhor de nós".
No X (outubro de 2016)
"Meu Deus, que idiota".
Em referência a Trump, no X (outubro de 2016)
"Eu sou um cara do tipo 'nunca Trump'. Nunca gostei dele. (...) Como alguém que não gosta de Trump, eu meio que entendo de onde vêm seus eleitores".
Em entrevista ao jornalista Charlie Rose (18.out.2016)
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"Imagina concorrer como um populista anti-AHCA [American Health Care Act, projeto de lei apoiado pelos republicanos que revogaria parcialmente o Obamacare] que pensa que Trump é um desastre moral? Onde está meu eleitorado?"
A um colega de universidade em uma conversa online vazada (2017), de acordo com a CNN
"Acho que estamos prestes a passar por uma grande jornada".
No X, ao ser questionado sobre possíveis escândalos no governo Trump (10.jan.2017)
"[A política externa de Trump foi] um enorme sucesso. (...) Penso na legislação de saúde, que considero genuinamente um desastre moral e político, e estou feliz que nunca tenha sido aprovada".
Em um evento de uma revista conservadora (9.mai.2019)
"Não sou apenas um vira-casaca, sou um super vira-casaca em relação a Trump".
Em entrevista à revista americana Time (7.jul.2021)