O Ministério Público (MP) da província argentina de Mendoza (oeste) concedeu nesta quarta-feira (17) prisão domiciliar para os jogadores da seleção francesa de rúgbi Oscar Jegou (21) e Hugo Auradou (20), acusados pelo suposto estupro de uma mulher há duas semanas.
"Considerando o nível de prova alcançado e a inexistência de risco processual, é viável autorizar a prisão domiciliar. Além disso, ambos usarão pulseiras de monitoramento de movimentos", afirmou em comunicado a Promotoria de Crimes Contra a Integridade Sexual, responsável pelo caso.
Minutos depois, os jogadores deixaram de carro o centro de detenção provisória em que estavam desde sexta-feira, conforme constataram jornalistas da AFP.
"Conseguimos a transferência do presídio para uma residência particular, estamos muito contentes. É um passo muito importante para os dois jogadores de rúgbi e também para o rúgbi francês", disse o advogado de defesa, Rafael Cúneo, em declarações à imprensa na saída da promotoria.
A advogada da denunciante, Natacha Romano, disse à AFP que essa medida era esperada: "Enquanto permanecerem em nosso país, em Mendoza, é indiferente para nós onde estejam detidos", afirmou.
Romano também destacou que a promotoria manteve garantias como a ordem de prisão internacional e a retenção dos documentos dos acusados.
Auradou e Jegou foram detidos na segunda-feira passada em Buenos Aires, transferidos na quinta-feira para Mendoza e formalmente acusados na sexta-feira, após a denúncia de uma mulher que os conheceu na madrugada de domingo, 7 de julho, horas depois de um jogo amistoso contra a seleção argentina de rúgbi nesta província.
A promotora Cecilia Bignert acusou os atletas na sexta-feira de estupro agravado pela participação de duas pessoas. Os jogadores, por sua vez, afirmam que a relação sexual foi consensual e negam ter agido com violência.
A promotoria tem dez dias a partir da acusação para solicitar uma audiência de prisão preventiva para que os acusados permaneçam detidos até o final do processo judicial.
"É algo que nos dá esperança que tenham ordenado esta prisão domiciliar porque isso nos indica que em breve a promotoria solicitará a prisão preventiva, caso contrário, não teriam ordenado a prisão domiciliar", afirmou Romano.
Nesta quarta-feira começaram os depoimentos das testemunhas, incluindo do taxista que levou a mulher do Hotel Diplomático, onde Auradou e Jegou estavam hospedados, até sua casa, às oito da manhã.
- Família e federação -
O presidente da Federação Francesa de Rúgbi (FFR), Florian Grill, afirmou na terça-feira que a entidade havia "encontrado uma casa que poderia ser alugada em Mendoza".
"Para enfrentar a emergência, fomos nós que antecipamos os fundos para todas as despesas que seriam realizadas, mas os custos são responsabilidade das famílias, não da Federação Francesa de Rúgbi", acrescentou, durante uma coletiva de imprensa no Centro Nacional de Rúgbi Marcoussis, ao sul de Paris.
"Dependendo da evolução das coisas", continuou, "é bastante óbvio que os clubes e jogadores profissionais, que também se solidarizaram, queiram contribuir (financeiramente), de modo que o custo para as famílias não seja significativo", completou Grill.
Na segunda-feira de manhã, os pais de um dos acusados, o ex-jogador de rugby David Auradou e sua esposa Marie - que tinham viajado no fim de semana para a Argentina - compareceram à promotoria e foram vistos saindo com a defesa, embora não tenham dado declarações.
"Ela se sente como uma mãe com seu filho preso acusado de estupro; claro que está preocupada", disse o advogado Rafael Cúneo aos jornalistas.
"A França está preocupada, o rúgbi está preocupado, eu estou preocupado. Obviamente estamos preocupados e vamos trabalhar com toda a seriedade do mundo para provar a inocência", concluiu.
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