O candidato à vice-presidência dos Estados Unidos pelo Partido Republicano, J.D. Vance, disse que Donald Trump respondeu como um líder após o ataque à sua vida, acusou a imprensa de mentir e ironizou o presidente Joe Biden.

Vance, que deve discursar na noite de hoje na Convenção Nacional Republicana, em Milwaukee, antecipou sua estreia com uma aparição em um fórum paralelo à reunião principal. Ele destacou o que chamou de bravura do ex-presidente, que sobreviveu no último sábado a uma tentativa de assassinato durante um comício na Pensilvânia.

"Achei que tivéssemos acabado de perder um grande presidente, o que seria terrível para o nosso país (...) Por acaso Trump estava aborrecido? Convocou uma união nacional, pediu calma, mostrou liderança, e a mídia continua dizendo que querem que alguém baixe o tom. Atiraram em Donald Trump e ele baixou o tom. Isso é o que faz um verdadeiro líder", disse Vance.

O candidato a vice-presidente afirmou que "a mídia mentiu da forma mais agressiva e caluniosa" sobre seu chefe, mas que "ele continua avançando, perseverando e lutando".

- Comparação -

Vance também fez uma comparação entre Trump e Biden: "O presidente Trump é um dos executivos do ramo imobiliário mais bem-sucedidos da história do nosso país. O nome Trump se tornou sinônimo de luxo e beleza. E Joe Biden gosta de fingir que é apenas 'Scranton Joe' [Scranton, cidade natal de Biden. Que se mostra como homem da classe trabalhadora, ou que a defende, ndr]."

"Mas o cara que realmente se conecta com os trabalhadores deste país é o presidente Donald Trump", afirmou o candidato a vice. "Vamos nos livrar dele [Biden] e trazer Donald Trump de volta para a Casa Branca!"

"Espero não estragar as coisas, mas é tarde demais, já me escolheram, é oficial", havia brincado Vance antes de começar a falar.

- Jovem aliado -

No terceiro dia de reuniões, Trump assiste à exibição do documentário "Trump's Rescue Mission: Saving America", sobre sua campanha para voltar ao poder. O magnata se dirigirá, em seguida, ao auditório principal da convenção, onde um dos temas do dia será a crise migratória na fronteira sul. Entre os palestrantes, estará Donald Trump Jr., filho do ex-presidente.

O destaque do evento será o discurso de Vance. Antes dele, falará sua mulher, Usha Chilukuri Vance.

Criado em uma região industrial em decadência, Vance integrou o corpo de fuzileiros navais e se formou em Direito na Universidade de Yale. Ele passou pelo Vale do Silício e em 2022 venceu a eleição para o Senado por Ohio, com o apoio de Trump.

Esse conservador de Ohio, que completará 40 anos no próximo mês, será o terceiro vice-presidente mais jovem da História - e um dos menos experientes - se Trump conquistar a vitória em novembro.

Vance foi um crítico ferrenho de Trump na campanha presidencial de 2016. Agora, é um dos principais defensores da ideologia de ultradireita MAGA ("Make America Great Again").

Por unanimidade, os delegados da convenção republicana nomearam ontem Trump seu candidato à Presidência. O bilionário fará um discurso nesta quinta-feira, quando aceitará a nomeação do partido. 

O renomado pesquisador Frank Luntz considera que o ex-presidente Trump, 78 anos, tem em Vance um aliado jovem que garante a continuidade do movimento MAGA.

"Os operários, essa classe trabalhadora, essa compreensão dos eleitores que tradicionalmente eram democratas e que agora encontraram um lar em Donald Trump, ele enfatiza isso", disse Luntz.

Vance se tornou famoso em 2016 com seu livro de memórias "Hillbilly Elegy", um relato sobre sua família branca da classe trabalhadora dos Apalaches, no chamado 'Rust Belt' (Cinturão da Ferrugem), uma região industrial em declínio no nordeste e no centro-oeste do país.

No Senado, Vance se destacou por sua oposição à ajuda à Ucrânia, e exigiu que os recursos fossem destinados à luta contra a imigração ilegal.

Defensor do fechamento das fronteiras e do isolacionismo, Vance é descendente de migrantes escoceses-irlandeses e casado com Usha Chilukuri, de raízes indianas, com quem tem três filhos.

Após a convenção, Trump viajará ao Michigan para um comício no sábado, uma semana após a tentativa de assassinato.

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