A cúpula do poder na China concordou em "aprofundar as reformas", "solucionar os riscos" no setor imobiliário e nas finanças públicas, além de estimular o consumo, em uma reunião econômica crucial que terminou nesta quinta-feira (18), mas que não anunciou medidas concretas para estimular uma economia em desaceleração.

Os membros do Comitê Central do Partido Comunista, com o presidente Xi Jinping à frente, se reuniram esta semana em uma sessão plenária em Pequim, que foi acompanhada de perto diante da expectativa de medidas de estímulo econômico.

Mais de um ano e meio depois de suspender as restrições da pandemia de covid-19, a segunda maior economia mundial ainda não conseguiu recuperar o crescimento dinâmico, afetada por uma forte crise no setor imobiliário, pelo nível de consumo frágil e pelo desemprego elevado entre os jovens.

Além disso, as tensões geopolíticas e comerciais com Estados Unidos e União Europeia têm consequências para as exportações, um elemento crucial da atividade do país.

No encerramento da reunião, no entanto, os líderes chineses não anunciaram novas políticas, e sim "uma resolução para aprofundar ainda mais as reformas", destacou a agência estatal de notícias Xinhua, sem revelar mais detalhes.

Para o economista Gary Ng, da Natixis, os anúncios não oferecem "nada que não seria esperado, pois apenas confirmam as políticas existentes".

A economista-chefe do banco ING para a China, Lynn Song, viu "sinais positivos" na sessão plenária, mas "não uma plataforma para promover novas medidas de estímulo específicas".

"Aqueles que esperavam novos sinais relacionados ao mercado imobiliário provavelmente estão decepcionados", disse.

- Indicadores decepcionantes -

A reunião, que começou na segunda-feira, foi a terceira sessão plenária do atual mandato do Comitê Central do Partido Comunista, uma oportunidade historicamente utilizada pelas autoridades chinesas para anunciar grandes mudanças econômicos.

Em 1978, o então líder Deng Xiaoping aproveitou esta reunião para apresentar as medidas de abertura da economia chinesa, o que colocou o país no caminho do crescimento espetacular das décadas seguintes.

Na reunião de 2013, já sob a liderança de Xi, o governo decidiu dar ao livre mercado um papel "decisivo" na distribuição de recursos, além de outras mudanças econômicas e sociais cruciais.

Na mesma linha do encontro de 11 anos atrás, dirigentes prometeram nesta quinta-feira dar "maior protagonismo aos mecanismos de mercado, mas compensando suas falhas".

Segundo a agência Xinhua, a cúpula do Partido Comunista também concordou em "expandir ativamente a demanda doméstica, além de evitar e solucionar riscos em áreas-chave, como o setor imobiliário e a dívida dos governos locais".

Os dados econômicos publicados durante a sessão plenária, no entanto, não projetam otimismo.

O crescimento do PIB da China foi de 4,7% no segundo trimestre, um resultado que ficou abaixo da previsão dos analistas e representa o menor índice desde o início de 2023, quando Pequim suspendeu as draconianas medidas anticovid que abalaram sua atividade econômica.

Os dados de consumo divulgados esta semana também decepcionaram, com um aumento de apenas 2% em uma base anual das vendas no varejo em junho, índice abaixo do registrado no mês anterior.

Além de todos os problemas já mencionados, também é necessário acrescentar a situação financeira complicada da administração local em parte do país, depois de três anos de grandes despesas para combater a covid e de queda de receitas importantes procedentes de um setor imobiliário em crise.

Na reunião plenária, a cúpula do Partido Comunista também decidiu "fortalecer a orientação da opinião pública e prevenir e resolver ativamente os riscos ideológicos", segundo a Xinhua.

Durante a reunião, os líderes também decidiram expulsar o ex-ministro das Relações Exteriores Qin Gang do principal órgão de decisão do Partido Comunista e "confirmaram" a decisão de fazer o mesmo com o ex-ministro da Defesa Li Shangfu.

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