A ex-promotora anticorrupção guatemalteca Virgina Laparra se exilou clandestinamente, após ter sido condenada a cinco anos de prisão em um polêmico processo, informou ela própria em uma carta publicada nas redes sociais nesta quinta-feira (18). 

“Decidi me exilar para preservar minha vida”, disse a ex-promotora, que estava em prisão domiciliar e proibida de deixar o país.

Laparra disse que tomou a decisão porque “a perseguição judicial” contra ela “ameaça continuar”. 

O presidente Bernardo Arévalo, que a condecorou em março, escreveu no X: “enquanto Virginia se vê obrigada a abandonar o país, os corruptos andam impunemente pelas ruas” da Guatemala.

Laparra, de 44 anos e mãe de duas filhas, foi condenada na última semana por um tribunal da cidade de Quetzaltenango pela revelação de informações confidenciais, em um processo criticado pela comunidade internacional. 

Essa foi a segunda condenação da ex-promotora, que já havia sido sentenciada a quatro anos de prisão em 16 de dezembro de 2022, no âmbito de um outro processo polêmico no qual foi acusada de ter denunciado um juiz sem ter poderes para isso. 

Laparra foi presa em 23 de fevereiro de 2022, em meio a uma onda de repressão do governo do presidente Alejandro Giammattei (2020-2024) contra cerca de 30 promotores e juízes que estavam encarregados de casos de corrupção.

Muitos deles optaram por se exilar após a perseguição promovida pela procuradora-geral Consuelo Porras, alvo de sanções dos Estados Unidos e da União Europeia, que a consideram “corrupta”. 

“Ninguém dever sofrer o que fui forçada a enfrentar nos últimos tempos. Estive presa arbitrariamente por dois anos, durante os quais fui tratada de forma desumana”, afirmou Laparra em sua carta publicada no X. 

Até o momento, não se sabe para qual país ela foi. Um membro de sua defesa disse à AFP que soube da partida de Laparra por meio da “carta pública”. 

A ex-promotora, que estava em prisão domiciliar desde 4 de janeiro, foi condecorada pelo presidente Arévalo com a Ordem de Excelência Laboral no marco do Dia Internacional da Mulher.

A Anistia Internacional considerava Laparra uma “prisioneira de consciência” e afirmava que tinha sido processada por seu trabalho anticorrupção. 

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