Um dos maiores apagões cibernéticos registrados nos últimos anos afetou várias atividades nesta sexta-feira (19) ao redor do planeta, incluindo companhias aéreas internacionais, bancos, empresas ferroviárias e do setor de telecomunicações.

 

A falha, que aparentemente foi provocada pela atualização de um programa antivírus, também atingiu as "operações virtuais" dos Jogos Olímpicos de Paris, informou o comitê organizador do evento, uma semana antes da cerimônia de abertura de 26 de julho.

 

Em uma notificação publicada no seu site, a empresa americana Microsoft informou que os problemas começaram na quinta-feira às 19h00 GMT (16h00 de Brasília) e afetaram os usuários da Azure, sua plataforma na nuvem, que tem a proteção do software de cibersegurança CrowdStrike Falcon.

 

 

O CEO da CrowdStrike, George Kurtz, afirmou que os clientes foram afetados por uma "falha encontrada em uma atualização de conteúdo dos usuários do Windows".

 



 

"O problema foi identificado, isolado e uma correção foi aplicada", escreveu Kurtz nas redes sociais X e LinkedIn.

 

As ações da empresa registraram queda de 20% nas operações antes da abertura da Bolsa.

 

O governo da Alemanha, com base em informações compiladas por seus funcionários que atuam na área de segurança cibernética, afirmou alguns minutos antes que a falha foi provocada por uma "atualização defeituosa desta empresa.

 

 

A agência francesa de segurança cibernética, ANSSI, afirmou que "não há evidência que sugira que a interrupção foi provocada por um ciberataque".

 

A falha provocou perturbações em vários aeroportos internacionais, com problemas nos sistemas de check-in.

 

Os aeroportos de Berlim (Alemanha) e Sydney (Austrália) registraram longas filas de passageiros. 

 

As principais companhias aéreas dos Estados Unidos, incluindo Delta, United e American Airlines, suspenderam os voos no início da manhã devido a "problemas de comunicação", informou a Administração Federal de Aviação (FAA).

 

A American Airlines informou que retomou as operações às 9h00 GMT (6h00 de Brasília). Em Berlim, o tráfego aéreo foi retomado parcialmente depois das 8H00 GMT (5h00 de Brasília).

 

Problemas similares afetaram o aeroporto de Amesterdã-Schiphol, nos Países Baixos, Hong Kong, assim como todos os aeroportos na Espanha, anunciaram as autoridades destes países.

 

 

Na Suíça, o aeroporto de Zurique, o maior do país, também suspendeu os pousos até nova ordem. Os aeroportos de Pequim não foram afetados, segundo a imprensa estatal chinesa.

 

Além de companhias aéreas e dos aeroportos, o apagão cibernético também afetou hospitais nos Países Baixos, a Bolsa de Valores de Londres e a principal empresa ferroviária britânico.

 

A programação do canal britânico Sky News foi interrompida. Na Austrália, o canal nacional ABC anunciou que seus sistemas foram afetados por uma falha "grave".

 

Na Nova Zelândia, a imprensa relatou problemas nos bancos e nos sistemas operacionais do Parlamento.

 

- "Infraestruturas resistentes" -

 

A dimensão global da falha levou alguns especialistas a destacar o fato de que grande parte do mundo dependa de um único fornecedor para serviços tão diversos.

 

"Temos que ter a consciência de que este tipo de software pode ser uma causa comum de falha em vários sistemas ao mesmo tempo", disse o professor de Engenharia de Software John McDermid, da Universidade de York (Inglaterra). 

 

"Temos que desenvolver infraestruturas resistentes a estes problemas", acrescentou.

 

Companhias aéreas como Air France, KLM (Países Baixos) e Ryanair (Irlanda) sofreram problemas em suas redes. O mesmo aconteceu com três companhias aéreas indianas, IndiGo, SpiceJet e Akasa Air.

 

A Turkish Airlines anunciou o cancelamento de 84 voos.

 

Algumas companhias aéreas do aeroporto internacional de Singapura também relataram interrupções.

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