O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, anunciou, neste domingo (21), que desiste de disputar a reeleição depois de semanas de especulações sobre sua capacidade física e sua agilidade mental, e apoiou sua vice-presidente, Kamala Harris, para que seja a candidata presidencial do Partido Democrata.

"Embora tenha sido minha intenção buscar a reeleição, acredito que é do melhor interesse do meu partido e do país que eu me retire [da disputa] e me concentre exclusivamente em cumprir meus deveres como presidente pelo restante do meu mandato", disse Biden em uma carta publicada na rede X. Ele acrescentou, ainda, que fará um discurso à nação esta semana.

Além disso, Biden manifestou seu apoio para que sua vice-presidente seja a indicada do Partido Democrata para a disputa com o republicano Donald Trump.

"Hoje, quero oferecer todo o meio apoio a Kamala [Harris] para que ela seja a indicada de nosso partido este ano", assinalou Biden no X.

- Histórico -

O democrata, de 81 anos, engrossa assim o clube restrito de presidentes americanos em fim de mandato que jogaram a toalha em sua tentativa de conseguir a reeleição.

Mas é o primeiro a fazê-lo a esta altura da campanha. E o único que teve que se dar por vencido devido às dúvidas sobre sua acuidade mental, após um desempenho desastroso no debate com Donald Trump.

O anúncio era esperado por mais que sua equipe de campanha e ele próprio se empenhassem em afirmar que levaria a candidatura até o fim.

Contudo, representa uma reviravolta em uma campanha que já experimentou muitas idas e vindas, sobretudo com a tentativa de assassinato contra Donald Trump em 13 de julho durante um comício.

Agora, o Partido Democrata terá que encontrar um substituto ou uma substituta, faltando poucos dias para a convenção nacional marcada para começar em 19 de agosto em Chicago (norte).

Kamala Harris seria uma escolha natural, mas não automática, para se tornar a candidata democrata.

O próprio Biden manifestou

A última palavra será dos delegados do partido: 3.900 pessoas com perfis muito distintos e em sua maioria completamente desconhecidas da opinião pública.

- Desempenho desastroso -

O desempenho desastroso de Joe Biden durante o debate em 27 de julho com Donald Trump precipitou os acontecimentos.

Naquele dia, desde os primeiros segundos da batalha verbal que ele mesmo havia convocado, dezenas de milhões de telespectadores viram um Biden titubeante, confuso - uma imagem que deixou os democratas consternados e desorientados.

Ele estava resfriado e tossia com frequência. Sua voz estava apagada, ficava travado ao falar e deixou frases inacabadas.

Foi um espetáculo doloroso que trouxe dúvidas sobre sua idade, que seu círculo mais próximo se esforçava para dissipar.

Assim que o debate acabou, a pergunta era inevitável: quem seria o primeiro a lhe pedir que passasse o bastão?

O nervosismo se espalhou e alguns democratas chegaram a pedir sua saída publicamente.

Com o passar dos dias, foram-se somando pesos-pesados do partido. 

Um após o outro, assustados com as pesquisas que o davam como perdedor e temendo uma vitória avassaladora do republicano Donald Trump, deram-lhe as costas. A princípio, em caráter privado, sugerindo que reconsiderasse sua candidatura.

A imprensa americana, citando fontes anônimas, noticiaram que o ex-presidente Barack Obama, a ex-chefe da Câmara de Representantes Nancy Pelosi e os líderes democratas no Congresso Chuck Schumer e Hakeem Jeffries expressaram preocupação.

E as imagens de Joe Biden testando positivo para a covid-19, descendo com dificuldade as escadas de seu avião, só aumentaram o nervosismo de seus aliados.

Enquanto isso, Donald Trump, que sobreviveu milagrosamente a uma tentativa de assassinato, parece desfrutar de um estado de graça, com vitórias jurídicas e a consagração na convenção do Partido Republicano.

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