Os democratas correm contra o relógio nesta segunda-feira (22) para encontrar um novo candidato para as eleições de novembro nos Estados Unidos, depois que o presidente Joe Biden desistiu da corrida e deixou o partido em território desconhecido.
O Partido Democrata prometeu um "processo transparente e ordenado" para substituir o presidente de 81 anos na campanha, que cedeu no domingo (21) a um clamor crescente para que se retirasse.
As dúvidas sobre a sua saúde e a sua capacidade de derrotar o republicano Donald Trump nas urnas fizeram-no jogar a toalha faltando pouco mais de três meses para as eleições presidenciais.
Os democratas devem agora confirmar um novo candidato na convenção do partido, que será realizada em Chicago a partir de 19 de agosto. Mas é possível que não esperem até essa data.
A favorita no momento é a vice-presidente Kamala Harris. Ela não só recebeu o "total apoio e endosso" de Biden, mas também do ex-presidente Bill Clinton e de sua esposa Hillary, ex-secretária de Estado. E sobretudo o apoio de dois possíveis grandes rivais: os governadores Gavin Newsom e Gretchen Whitmer.
Os congressistas democratas, incluindo pelo menos um terço dos senadores dos EUA, uniram-se em torno dela.
Mas outros, como o líder da minoria na Câmara, Hakeem Jeffries, e sua influente antecessora, Nancy Pelosi, até o líder da maioria no Senado, Chuck Schumer, permanecem em silêncio. O ex-presidente Barack Obama também não a mencionou.
"Navegaremos em águas desconhecidas nos próximos dias", disse Obama em comunicado. "Mas tenho uma confiança extraordinária de que os nossos líderes partidários serão capazes de criar um processo do qual emergirá um candidato notável", acrescentou.
- A "maior honra" -
Do jeito que está, Harris, mulher negra e procedente de uma família do sul da Ásia, além de ser a única mulher vice-presidente na história dos Estados Unidos, não parece ter rivais sérios.
De qualquer forma, qualquer adversário está muito limitado para lançar uma candidatura alternativa.
Os delegados da convenção foram informados que a votação da candidatura de Harris ocorrerá em 1º de agosto, mais de duas semanas antes da reunião, informou a CBS.
Se os democratas não chegarem a um acordo, uma convenção aberta a outros candidatos poderá ser realizada em Chicago, mas neste momento não há indícios de que isso possa acontecer.
"Sim, há um processo a percorrer e, sim, ela tem que merecê-lo. Mas ela o mereceu de muitas maneiras quando Joe Biden a escolheu para ser sua vice-presidente", opinou a ex-senadora do Missouri Claire McCaskill no MSNBC.
A candidatura democrata já estava na corda bamba desde o desempenho desastroso de Biden no debate de junho contra Trump, que saiu mais forte e vive dias de glória após sobreviver a uma tentativa de assassinato e participar de uma convenção republicana que o idolatrava.
Biden insistiu durante mais de três semanas em permanecer na corrida, ignorando pedidos para que renunciasse, até que no domingo jogou a toalha com um anúncio na rede social X, enquanto se recupera da covid-19 em sua casa de praia em Delaware (leste).
O democrata afirmou que ser presidente foi a "maior honra" de sua vida e prometeu discursar à nação esta semana.
- "O mais provável" -
A sua desistência faz dele o primeiro presidente em 56 anos que não aspira a um segundo mandato e o primeiro na história dos Estados Unidos a renunciar a essa possibilidade tão tarde.
Donna Patterson, professora da Universidade Estadual de Delaware, estima que sua saída injetou "energia" na campanha.
"Nas horas após o anúncio, e com o endosso de Biden, uma corrida presidencial de Kamala Harris parece mais provável", acrescentou.
Em um comício no sábado à noite em Grand Rapids, Michigan, Trump insultou Biden e Harris, chamando o presidente de "estúpido" e "velho fraco" e ela de "louca".
A vice-presidente teve dificuldade em encontrar seu lugar nos primeiros anos na Casa Branca, mas se destacou durante a campanha ao defender questões fundamentais como o direito ao aborto.
"Quem quer que os democratas indiquem – e tenho certeza de que será Harris – terá desafios", disse Donald Nieman, analista político e professor da Universidade de Binghamton, no estado de Nova York.
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