Democratas investiram US$ 81 milhões de dólares (cerca de R$ 451 milhões) em doações na campanha presidencial da vice-presidente Kamala Harris desde que o presidente Joe Biden desistiu da disputa à reeleição no domingo (21/07).
É a maior arrecadação num período de 24 horas de campanha na história presidencial.
Mais de 888 mil doadores fizeram contribuições de menos de US$ 200 (ou R$ 1,1 mil) no dia seguinte à saída de Biden.
"Os apoiadores estão entusiasmados e animados em apoiá-la como candidata democrata", disse no X a ActBlue, plataforma que reúne e consolida as doações.
Doadores que retiraram seu financiamento devido a preocupações com a idade de Biden dizem que agora pretendem retomar o apoio ao Partido Democrata.
A sigla arrecadou mais de US$ 27,5 milhões (mais de R$ 150 milhões) nas primeiras cinco horas da campanha presidencial de Kamala Harris. Esse número quase dobrou até o final do dia. E, em 24 horas, a soma quebrou o recorde de arrecadação de fundos para um candidato a Presidência nos EUA.
O aumento nas doações nas últimas 24 horas é o maior em contribuições on-line aos democratas desde 2020, de acordo com o jornal americano New York Times.
Naquele ano, a ActBlue arrecadou US$ 73,5 milhões após a morte da juíza da Suprema Corte Ruth Bader Ginsberg, que era tida como progressista.
Os novos recursos marcam uma reviravolta significativa para o Partido Democrata, que viu o apoio dos principais doadores diminuir após o fraco desempenho de Biden no debate presidencial de junho contra o candidato republicano e ex-presidente Donald Trump.
O financiamento popular de pequenos doadores também diminuiu, de acordo com membros da campanha de Biden citados pela imprensa dos EUA.
Mas logo após o anúncio de Biden de desistir da disputa e seu apoio à candidatura de Kamala Harris à Casa Branca, os democratas entraram na internet para contribuir em um ritmo surpreendente.
Win With Black Women, um grupo de mulheres negras em cargos de liderança, realizou uma teleconferência do Zoom com mais de 44 mil participantes na noite de domingo para apoiar a vice-presidente.
O grupo afirma que arrecadou mais de US$ 1,5 milhão em três horas para sua campanha presidencial.
Empresários ricos voltaram a investir
Joe Cotchett, um angariador de fundos político para os democratas com sede em São Francisco, disse à emissora NBC News que os doadores "agora estão prontos para tirar de seus bolsos".
Entre eles está Gideon Stein, presidente do Fundo Moriah e doador do partido, que disse à agência de notícias dos EUA que retomará seu financiamento após uma pausa devido a preocupações com a elegibilidade de Biden.
Vários outros doadores também indicaram apoio a Kamala Harris como candidata do Partido Democrata.
Reid Hoffman, cofundador do LinkedIn, chamou a vice-presidente de "a pessoa certa na hora certa".
"Eu apoio de todo coração Kamala Harris e sua candidatura à presidência dos Estados Unidos em nossa luta pela democracia em novembro", disse ele em um post no X.
Outro grande doador, Alexander Soros, filho do filantropo George Soros, disse que Harris é "a melhor e mais qualificada candidata que temos".
Mas outros, como o empresário e investidor Vinod Khosla, pediram um processo aberto na convenção e "não uma coroação".
"A chave ainda é quem pode melhor vencer Trump acima de todas as outras prioridades", escreveu ele no X.
O cofundador da Netflix, Reed Hastings, conhecido por ser um mega-doador democrata, disse anteriormente ao New York Times que Biden deveria deixar o cargo de candidato do Partido Democrata.
"Os delegados do Partido Democrata precisam escolher um candidato que possa vencer o voto dos indecisos em estados pêndulo", escreveu ele no X, no domingo após o anúncio de Biden.
Os estados pêndulo são aqueles que oscilam entre candidatos democratas e republicanos - e que serão cruciais nas eleições de novembro.
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