Israel realizou novos bombardeios nesta quinta-feira (25) contra a Faixa de Gaza, onde o Exército recuperou os corpos de cinco reféns capturados durante o ataque do movimento islamista palestino Hamas em 7 de outubro.

O Fórum Israelense das Famílias de Reféns, que tem pressionado o primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu por meses para alcançar um acordo que permita que os sequestrados retornem para casa, denunciou uma "sabotagem" dos esforços para obter as libertações.

Netanyahu, criticado por prolongar os combates, está em Washington e terá uma reunião nesta quinta com o presidente Joe Biden, que também pressiona há vários meses por um cessar-fogo e um acordo que liberte os reféns.

Em um discurso no Congresso americano na quarta-feira, Netanyahu defendeu a guerra em Gaza e pediu aos Estados Unidos que continuem fornecendo ajuda militar.

A guerra em Gaza eclodiu em 7 de outubro, quando milicianos islamistas do Hamas mataram 1.197 pessoas, na maioria civis, e sequestraram 251 no sul de Israel, de acordo com uma contagem da AFP com base em dados oficiais israelenses.

O Exército israelense estima que 111 pessoas ainda estejam em cativeiro em Gaza, incluindo 39 que estariam mortas.

Em resposta, Israel prometeu destruir o Hamas, considerado uma organização "terrorista" por Estados Unidos, Israel e União Europeia, e lançou uma ofensiva que já matou pelo menos 39.175 pessoas em Gaza, também em sua maioria civis, segundo o Ministério da Saúde do território palestino.

O Exército realizou nesta quinta ataques na Cidade de Gaza e em Beit Lahia, no norte do território palestino, onde nove pessoas morreram, e em Al Bureij, no centro, deixando sete feridos, a maioria crianças, segundo fontes médicas.

As forças israelenses também continuaram as operações em Khan Yunis e Rafah, no sul.

"Aviões de guerra israelenses atacaram civis perto de suas casas", disse Ahmed Kahlout, diretor local da Defesa Civil em Beit Lahia, cidade na qual cinco pessoas morreram.

Segundo testemunhas, os soldados demoliram blocos de apartamentos em Tal Al Sultan, um bairro a oeste de Rafah, e em Bani Suhaila, a leste de Khan Yunis, onde veículos militares abriram fogo.

O Exército anunciou nesta quinta que "eliminou dezenas de terroristas e desmantelou cerca de 50 infraestruturas terroristas" em Khan Yunis nos últimos dias.

- "Como mortos" -

Milhares de palestinos seguiram ordens e evacuação do Exército em várias partes de Gaza e fugiram novamente dos bombardeios.

Sem ter para onde ir, as famílias se refugiaram nas ruas ou, como em Khan Yunis, perto de um cemitério.

"Vivemos junto aos mortos. Somos como os mortos. A diferença é que nós respiramos, eles não", disse Rytal Motlaq, uma mulher deslocada que improvisou um abrigo com lonas.

Desde o início da guerra, a imensa maioria dos 2,4 milhões de habitantes da Faixa de Gaza tem sido deslocada e busca desesperadamente um lugar seguro no território, que está sob cerco de Israel.

O Exército anunciou nesta quinta, durante uma operação em Khan Yunis, que havia recuperado os corpos de cinco israelenses mortos em 7 de outubro.

Os militares indicaram que os restos mortais correspondem a Maya Goren, Ravid Katz e Oren Goldin, que viviam em um kibutz próximo a Gaza, e aos soldados Tomer Ahimas e Kiril Brodski.

As negociações sobre um cessar-fogo e a libertação de reféns, marcadas para quinta-feira no Catar e nas quais Israel participaria, foram adiadas para a próxima semana, segundo uma fonte próxima às conversas.

O Fórum das Famílias de Reféns alegou uma "crise de confiança” e pediu uma reunião urgente com a equipe de negociação israelense.

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