Um juiz rejeitou nesta sexta-feira (26) um pedido do primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, para se manifestar por escrito na investigação contra sua esposa Begoña Gómez por suposto tráfico de influência, ratificando que o líder socialista deve ser depor pessoalmente na próxima terça-feira.
O juiz Juan Carlos Peinado respondeu a uma carta enviada pelo premiê na quarta-feira na qual Sánchez expressou sua disposição em "colaborar" com a justiça, mas argumentou que, em razão de seu cargo, poderia depor por escrito.
Peinado, no entanto, afirmou, em documento judicial obtido pela AFP, que está convocando Sánchez como testemunha na qualidade de esposo da investigada, não em função do cargo, e que o depoimento deve ocorrer pessoalmente.
Ainda assim, concluiu o juiz, Sánchez poderá se manifestar por escrito posteriormente sobre "fatos relevantes dos quais tenha tido conhecimento em razão de seu cargo".
Peinado planeja ir na manhã de terça-feira ao Palácio da Moncloa, sede do governo, para colher o depoimento de Sánchez.
Sánchez, que sempre defendeu a inocência de sua esposa, pode se recusar a depor, conforme estabelece a lei espanhola, que não obriga uma pessoa a testemunhar contra seu cônjuge.
Gómez, especializada na captação de fundos, especialmente para fundações e ONGs, é suspeita de ter se aproveitado do cargo de seu marido em suas relações profissionais, especialmente com Juan Carlos Barrabés, um empresário espanhol que recebeu auxílios públicos e que também está sob investigação.
Na semana passada, Gómez optou por exercer seu direito de não depor perante o juiz, alegando que a causa "carece de qualquer fundamento".
Barrabés admitiu ter se encontrado com a esposa de Sánchez cinco ou seis vezes em Moncloa, duas delas na presença do primeiro-ministro, mas afirmou que discutiram apenas temas de inovação.
A investigação foi iniciada a partir de uma denúncia apresentada pela Manos Limpias, um grupo próximo à extrema direita, que admitiu se basear exclusivamente em artigos publicados pela imprensa.
Peinado, um juiz de 69 anos que já conduziu outras investigações controversas, prosseguiu com o caso, apesar de dois relatórios da Guarda Civil não encontrarem irregularidades, contrariando a posição do Ministério Público, que solicitou o arquivamento do processo.
O Executivo rotula a investigação como "uma causa política incentivada pela direita e extrema direita" para "desgastar o governo progressista". Já a oposição conservadora exige a renúncia de Sánchez.
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