O governo do presidente Joe Biden quer que os venezuelanos tenham pleno acesso "às urnas" no domingo e que seus votos sejam contabilizados "com precisão e transparência", afirmaram nesta sexta-feira (26) funcionários americanos.

A Venezuela elegerá seu presidente neste domingo entre dez candidatos, dos quais apenas dois têm possibilidades. Estes são o mandatário chavista Nicolás Maduro, no poder desde 2013, e o opositor Edmundo González Urrutia, representante da líder opositora María Corina Machado, que não pôde concorrer por causa de uma inabilitação política.

Os Estados Unidos, que não mantêm relações com a Venezuela por considerarem fraudulenta a reeleição de Maduro, insistem em que as eleições sejam transparentes.

"O essencial hoje [...] é que se permita aos venezuelanos pleno acesso às urnas", declarou a jornalistas um funcionário do governo americano que pediu anonimato.

"Os Estados Unidos não vão prejulgar o resultado destas eleições", mas é "vital" que "reflitam a verdadeira voz do eleitorado, livre de manipulação e coerção", afirmou.

Os venezuelanos "devem poder votar com segurança e que seus votos sejam contabilizados com precisão e transparência na presença de testemunhas, como estipula a legislação venezuelana", reiterou outro alto funcionário, que também pediu anonimato.

O governo americano "está preparado para trabalhar com o vencedor destas eleições, sempre e quando houver um processo eleitoral transparente e justo, que seja verificado por observadores nacionais e internacionais", afirmou o primeiro funcionário.

O presidente panamenho, José Raúl Mulino, denunciou nesta sexta-feira que autoridades venezuelanas impediram a decolagem de um voo que deveria transportar ex-governantes latino-americanos para atuarem como observadores.

Washington pede "que se reconsidere essa decisão e permita maior presença internacional, em particular dos ilustres ex-presidentes da região", declarou o segundo funcionário.

Segundo os integrantes do alto escalão do governo americano, se Maduro perder, os Estados Unidos estariam dispostos a apoiar um período pós-eleitoral "pacífico e negociado e a considerar medidas que facilitem uma transição pacífica de poder".

A administração Biden apostou pela diplomacia do diálogo com Caracas, mas mantendo as principais sanções, em contraposição à linha-dura de seu antecessor republicano Donald Trump, novamente candidato à Casa Branca nas eleições de novembro.

Como moeda de troca, Biden usou as sanções, afrouxando-as como recompensa a compromissos ou concessões de Maduro, e as recolocando quando Caracas não cumpriu suas promessas.

Agora, "os Estados Unidos estão preparados para calibrar nossa política de sanções em função dos acontecimentos que possam se desenvolver na Venezuela", afirmou o primeiro funcionário.

Washington tomará uma decisão baseando-se não apenas em um resultado verificável, mas no cenário pós-eleitoral até a posse, esperada para janeiro, ou seja, levará muito em conta se há "repressão política ou represálias", acrescentam as fontes.

Segundo a ONG de direitos humanos Foro Penal Venezolano, desde janeiro ocorreram "149 prisões arbitrárias por motivos políticos", dos quais 135 "estão diretamente vinculados" com a campanha de González Urrutia.

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