Depois das operações contra o Hamas e o Hezbollah, Irã e aliados de Teerã no Oriente Médio, buscam uma resposta coordenada contra Israel, embora os especialistas acreditem que será moderada para evitar uma conflagração regional da guerra em Gaza.

Um encontro em Teerã reuniu, na última quarta-feira (31), autoridades iranianas e representantes de formações aliadas na região com o objetivo de estabelecer uma posição conjunta, indicou uma fonte próxima ao Hezbollah libanês, que pediu anonimato.

"Dois cenários foram mencionados: uma resposta simultânea de Irã e seus aliados ou uma resposta escalonada de cada parte", acrescentou a fonte.

O supremo líder do Irã, o aiatolá Ali Khamenei, prometeu na quarta-feira um "duro castigo" a Israel, acusado de matar, em Teerã, o chefe do movimento islamista palestino Hamas, Ismail Haniyeh, nesse mesmo dia.

O chefe do Hezbollah, Hassan Nasrallah, anunciou, nesta quinta-feira (1°), que será "inevitável" responder ao bombardeio israelense que matou Fuad Shukr, o chefe militar da formação, em um subúrbio ao sul de Beirute,  na segunda-feira (28).

Israel "cruzou a linha vermelha" insistiu Nasrallah, durante um discurso no funeral do alto funcionário.

O Hamas também prometeu vingar seu chefe. Os palestinos perseguirão "Israel até arrancá-lo da terra palestina", advertiu o chefe de relações exteriores do Hamas, Khalil Al Hayaa, durante o funeral de Haniyeh desta quinta-feira em Teerã.

- Coordenação tática -

"É muito provável que a resposta seja coordenada (...) entre os atores da resistência", considerou a analista Amal Saad, especialista do Hezbollah.

“O que aconteceu nos permitirá fortalecer consideravelmente a coordenação tática entre o Irã, o Hezbollah, os huthis, a mobilização popular iraquiana, o Hamas e a Jihad Islâmica Palestina”, enumerou.

Os aliados da República Islâmica, incluindo Hamas e Hezbollah, fazem parte do que o Teerã classifica como "eixo de resistência" frente a Israel.

No Iraque, um dirigente da Resistência Islâmica, uma organização de movimentos iraquianos pró-Irã, disse à AFP que a opção mais provável é que o "Irã lance junto a formações do Iraque, Iêmen e Síria, uma resposta contra objetivos militares Israelenses".

Segundo este representante, que pediu anonimato, "o Hezbollah poderia desta forma atingir alvos civis", em respota ao bombardeio contra seu comandante militar, que também matou cinco civis.

Nos últimos meses, a Resistência Islâmica no Iraque afirmou ter como alvo Israel com bombardeios de drones e foguetes.

Os rebeldes huthis do Iêmen, por sua vez, lançam ataques desde novembro contra navios que consideram ligados a Israel no Mar Vermelho, em "apoio" aos palestinos na Faixa de Gaza. Também dispararam mísseis contra cidades israelenses.  

- Sem Guerra? -

Os analistas creem que a resposta do Irã e de seus aliados será moderada, porque o país busca evitar uma guerra regional.

"Irã e Hezbollah não queriam entrar no jogo de Netanyahu e dar-lhe a isca ou os pretextos de que ele precisa para arrastar os Estados Unidos para uma guerra", disse Amal Saad.

“Eles tentarão evitar a guerra e ao mesmo tempo dissuadirão fortemente Israel”, acrescentou.

O secretário de Estado americano, Antony Blinken, chamou, nesta quinta-feira, "todas as partes" no Oriente Médio para uma desescalada para evitar uma conflagração.

O cientista político e especialista em relações internacionais, Ahmad Zeidabadi descartou, no entanto, a possibilidade de uma “guerra generalizada, total e incontrolável”.

“A única coisa que conta para o Irã é a sobrevivência do regime, tal como para o Hezbollah”, explicou Rodger Shanahan, analista especializado no Oriente Médio.

“O Irã exercerá forte pressão sobre os israelenses em nome dos palestinos, mas não arriscará uma ameaça existencial”, sublinhou.

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