Israel chegou a Paris com a maior equipe olímpica da sua história, mas encontrou um ambiente "difícil", disse à AFP a chefe da sua delegação, que após uma semana de competição lamenta a hostilidade de alguns espectadores e as críticas dos atletas. 

A delegação de 88 atletas conquistou, na quinta-feira, as duas primeiras medalhas, liderada pelos judocas Inbar Lanir (prata) e Peter Paltchik (bronze), e espera conquistar mais duas ou três nos 10 dias restantes, disse à AFP a presidente da equipe do Comitê Olímpico Israelense, Yael Arad. 

Às vezes é difícil focar no que é estritamente esportivo, pelas ameaças de morte feitas na Internet contra os atletas, pelo vazamento de suas informações pessoais nas redes sociais, pelas vaias e também pelo episódio de supostos gestos antissemitas durante a partida de futebol masculino contra o Paraguai. 

Arad insiste na calma e garante que, com base em reuniões e até equipamentos especiais, os atletas foram preparados para saber lidar com "todo tipo de provocações". 

"A principal mensagem que transmitimos a eles é que estamos aqui para competir".

O governo israelense acusa organizações apoiadas pelo Irã, seu arqui-inimigo, de estarem por trás desta sofisticada campanha de assédio online. 

"Tem sido muito difícil. Somos um país que sofre desde 7 de outubro", diz Arad, referindo-se ao dia em que comandos do Hamas realizaram um ataque surpresa ao sul de Israel e deixaram 1.197 mortos, a maioria civis, segundo um balanço da AFP com base em dados oficiais israelenses. 

"Mas estou satisfeito por ver que os nossos atletas são capazes (…) de superar dores e tristezas e problemas e transmitir esperança e inspiração ao país", acrescenta a responsável.

- Esporte e política -

A resposta militar israelense, que causou quase 40.000 mortes em Gaza desde outubro, a maioria civis, segundo as autoridades do Hamas, tem sido fonte de controvérsia nestes Jogos. 

O Comitê Olímpico Palestino tentou fazer com que o COI excluísse Israel de Paris-2024, considerando que a campanha militar do Estado hebreu, que nos últimos meses custou a vida a cerca de 400 atletas e personalidades esportivas palestinas, viola a trégua olímpica. 

Arad descreveu como "vergonhoso" o apelo do seu homólogo palestino, Jibril Rajoub, para implementar o boicote. 

"É uma vergonha que, em vez de se concentrarem no esporte, tragam a política para o campo de jogo", diz ela, acrescentando que Rajoub, que quando jovem passou 17 anos na prisão por atacar soldados israelenses, é "um terrorista condenado".

Ela também defendeu o judoca Paltchik, depois que o próprio Rajoub e ativistas pró-palestinos o criticaram por publicar uma mensagem nas redes sociais em outubro que dizia "de mim para você, com prazer. HAMASisISIS", junto a uma foto de algumas bombas israelenses. 

Arad defendeu aquela mensagem publicada por Paltchik, na qual o movimento palestino era equiparado ao grupo extremista Estado Islâmico. A mensagem "não era contra um país, nem contra um povo, mas contra uma organização terrorista", argumentou Arad, referindo-se ao Hamas.

- Segurança -

O dispositivo de segurança que cerca a delegação israelense é extraordinário e inclui policiais franceses de elite encarregados de proteger os atletas 24 horas por dia e acompanhá-los sempre que saem da Vila Olímpica, localizada ao norte da capital.

Arad, uma ex-judoca que deu a Israel a sua primeira medalha olímpica, disse que as equipes estão habituadas a estas medidas de segurança desde que 11 membros da delegação israelense foram mortos por um comando palestino nos Jogos de Munique de 1972. 

"Confiamos no sistema de segurança aqui em Paris. Meu papel, junto com minha equipe, é dar a esses atletas a oportunidade de se concentrarem no esporte", enfatiza.

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