O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, classificou nesta sexta-feira (2) as denúncias de fraude eleitoral como "uma armadilha" apoiada pelos Estados Unidos para justificar "um golpe de Estado" e agradeceu ao Brasil, Colômbia e México por suas gestões em busca de um acordo político em seu país.

Maduro criticou o chefe da diplomacia da Casa Branca, Antony Blinken, por apoiar as acusações de fraude da oposição, após o funcionário americano afirmar na quinta-feira, em um comunicado, que havia "evidência esmagadora" da vitória do opositor Edmundo González Urrutia nas eleições presidenciais do último domingo.

"Blinken se desespera em um gesto incomum na diplomacia americana e sai dizendo que eles têm os resultados", declarou o governante. "O que eles têm é a armadilha que tentaram impor", acrescentou em uma coletiva de imprensa com correspondentes estrangeiros no palácio presidencial em Caracas.

Maduro e o presidente do Parlamento de maioria oficialista, Jorge Rodríguez, desconsideraram a validade das atas publicadas pela oposição em um site, mostrando documentos nos quais faltam assinaturas de testemunhas dos partidos políticos e dos operadores das máquinas utilizadas para a votação, exigidas no processo.

"Isso é puro lixo", disse Rodríguez.

Maduro agradeceu os esforços dos presidentes do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva; da Colômbia, Gustavo Petro; e do México, Andrés Manuel López Obrador, em prol de um acordo político em meio a protestos da oposição que resultaram na morte de pelo menos onze civis, segundo denúncias de organizações de direitos humanos, e mais de mil detidos.

"O presidente Lula, o presidente Petro e o presidente López Obrador estão trabalhando conjuntamente para que a Venezuela seja respeitada, para que os Estados Unidos não façam o que estão fazendo", comentou o mandatário. "Agradeço-lhes, por toda a Venezuela, lhes agradeço", acrescentou.

A autoridade eleitoral confirmou nesta sexta-feira, com 97% das atas revisadas, a reeleição de Maduro com 52% dos votos contra 43% de González, candidato da aliança opositora Plataforma Unitária, após a inabilitação política de sua candidata original, María Corina Machado.

Maduro acusa Machado e González de promoverem atos de violência e um "golpe de Estado" com o apoio de Washington. Na quarta-feira, disse que ambos os líderes deveriam "estar atrás das grades".

O presidente considerou que a declaração de Blinken foi uma resposta "à tentativa soberana" do Brasil, Colômbia e México de "evitar danos".

Maduro afirmou que havia planos para uma "emboscada" violenta em uma manifestação convocada em Caracas para sábado por Machado, que se declarou "na clandestinidade". A líder convocou protestos naquele dia em "todas as cidades" da Venezuela.

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