Cientista Alex Rozhin posa com uma amostra de teste de mel mexicano na Aston University em Birmingham, na Inglaterra
       -  (crédito: Ben STANSALL / AFP)

Cientista Alex Rozhin posa com uma amostra de teste de mel mexicano na Aston University em Birmingham, na Inglaterra

crédito: Ben STANSALL / AFP

Lynne Ingram parece calma enquanto cuida de suas colmeias em um canto arborizado de Somerset, no sudoeste da Inglaterra. Mas há vários anos esta apicultora luta contra um inimigo complexo: o mel adulterado. 

 

A prática de adulterar o mel não é nova. Produtos como cinzas e farinha de batata ajudam a fazer isso há anos.

 

Mas os avanços tecnológicos e científicos agora facilitam o processo, com xaropes usados como diluentes e capazes de enganar os testes de autenticidade, explicou Ingram. 

 

A apicultora, com mais de 40 anos de experiência, fundou a Rede de Autenticidade do Mel do Reino Unido (HAN UK) em 2021 para alertar sobre o risco de fraude. 

 

 

"Um impacto que estamos vendo em todo o mundo é a falência dos apicultores", alertou. 

 

O mel adulterado pode ser vendido aos varejistas por um preço várias vezes inferior ao dos produtores genuínos.

 

Além de produzirem o seu próprio mel, muitos apicultores de grande escala têm contratos de polinização com agricultores pelo qual enviam milhares de colônias para todo o país. 

 

 

A Associação Britânica de Apicultores, que representa mais de 25 mil produtores, pede que o risco de fraude seja reconhecido para proteger a indústria e os consumidores.

 

- Melhor rotulado -

 

A União Europeia atualizou os seus regulamentos sobre o mel em maio para ter uma rotulagem mais clara e um "sistema de rastreabilidade do mel" para maior transparência.

 

Nos rótulos de mel que incluam misturas de diferentes países, por exemplo, deve ser indicado o Estado de origem. Anteriormente, só precisava ser indicado se fosse misturado. 

 

No Reino Unido, que não faz mais parte da UE, as regras não são tão rigorosas e Ingram teme que os consumidores possam ser induzidos ao erro pela falta de precisão. 

 

 

O sistema de rotulagem da UE tem origem no aumento da entrada de mel adulterado no bloco de 27 países. Entre 2021 e 2022, 46% do mel testado nas fronteiras da UE parecia potencialmente adulterado. No período 2015-2017 era 14%. Das amostras suspeitas, 74% vinham da China. 

 

O mel adulterado pode ter consequências como aumento do risco de diabetes, obesidade ou danos no fígado e nos rins.

 

O mel importado do Reino Unido apresentou índice de 100% de suspeita. A UE acredita que o produto provavelmente é produzido em terceiros países e misturado novamente no Reino Unido antes de ser enviado para o bloco. 

 

 

O Reino Unido é o segundo maior importador de mel em volume de toda a Europa. A China é o seu principal fornecedor. 

 

No entanto, nem todo o mel importado para o Reino Unido sai do país. Grande parte é vendida no mercado interno. 

 

"Achamos que há muito [mel adulterado] nas prateleiras [das lojas]", disse Ingram. O mel adulterado, insistiu, está "amplamente disponível" nos grandes supermercados.