As manobras diplomáticas para tentar evitar uma escalada militar no Oriente Médio entre Irã e seus aliados, de um lado, e Israel, de outro, se intensificaram nesta segunda-feira(5), em um momento em que muitos países pedem a seus cidadãos que abandonem o Líbano.
"Profundamente preocupado", o alto comissário das Nações Unidas para os direitos humanos, Volker Türk, pediu de Genebra "a todas as partes, assim como os Estados com influência, que ajam com urgência" para evitar uma propagação do conflito na região.
O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, garante que seu país está disposto a enfrentar o "Irã e seus 'comparsas' em todas as frentes".
"Qualquer um que matar nossos cidadãos ou prejudicar o nosso país, pagará um preço muito alto", advertiu na noite de domingo.
Na segunda-feira, aviões israelenses romperam duas vezes a barreira do som sobre Beirute, segundo a imprensa oficial, e sirenes de alerta de foguetes soaram no norte de Israel, perto da fronteira com o Líbano.
Cerca de quinze foguetes foram disparados da Faixa de Gaza, no sul do país, a maioria deles foi interceptada, segundo o Exército israelense.
O Irã, o movimento islamista palestino Hamas e o Hezbollah libanês culparam Israel pela morte, na quarta-feira, do líder político do Hamas, Ismail Haniyeh, assassinado em sua casa em Teerã.
No dia anterior, Israel assumiu a responsabilidade por um ataque que matou o líder militar do Hezbollah, Fuad Shukr, perto de Beirute.
Israel não comentou a morte de Haniyeh, mas prometeu destruir o Hamas após o ataque sem precedentes do movimento ao seu território em 7 de outubro, que desencadeou a devastadora guerra em Gaza.
Desde então, o Hezbollah e os rebeldes huthis do Iêmen, que juntamente com o Hamas e os grupos armados iraquianos formam o que o Irã chama de "eixo da resistência", abriram novas frentes contra Israel.
Mas os assassinatos da semana passada levaram o líder do Hezbollah, Hassan Nasrallah, a declarar que Israel tinha ultrapassado as "linhas vermelhas", enquanto o líder supremo do Irã, Ali Khamenei, ameaçou com "punição severa".
"O Irã tem legalmente o direito de punir" Israel, insistiu o porta-voz da diplomacia iraniana, Naser Kanani, nesta segunda-feira em Teerã.
- "Em todas as frentes" -
Diante do risco de uma conflagração regional, vários países árabes e ocidentais intensificam seus esforços diplomáticos e apelos à calma.
Os ministros das Relações Exteriores do G7, reunidos por videoconferência no domingo, disseram temer "uma regionalização da crise, começando pelo Líbano", onde Israel responderia em caso de ataque do Hezbollah, e pediram para evitar "uma nova escalada".
Segundo o site americano Axios, o secretário de Estado, Antony Blinken, disse aos seus homólogos do G7 que Irã e o Hezbollah podem lançar um ataque contra Israel dentro de 24 ou 48 horas, ou seja, a partir desta segunda-feira, segundo três fontes próximas.
Blinken também conversou por telefone com o primeiro-ministro iraquiano, Mohamed Shia al Sudani, sobre a "importância das medidas" para acalmar a situação, diante da possibilidade de ataques de grupos armados iraquianos favoráveis ao Irã.
O principal aliado de Israel, os Estados Unidos, que reforçou sua presença militar no Oriente Médio, garantiu que "ao mesmo tempo tenta acalmar a situação diplomaticamente".
Mas em um ato celebrado em Jerusalém na noite de domingo, Netanyahu insistiu que seu governo está "decidido a opor-se" ao Irã e seus aliados "em todas as frentes".
- Disparos na fronteira israelense-libanesa -
Muitos países, incluindo Suécia, Estados Unidos, Reino Unido, França, Jordânia e Arábia Saudita, pediram a seus cidadãos que abandonem o Líbano.
Várias companhias aéreas suspenderam seus voos para Beirute, incluindo a alemã Lufthansa, que também suspendeu seus voos para Tel Aviv até 8 de agosto e anunciou nesta segunda-feira que evitará o espaço aéreo iraniano e iraquiano até quarta-feira.
Na segunda-feira, o ministério da Saúde libanês informou que quatro pessoas foram mortas durante a noite em ataques israelenses no sul do Líbano, e o Hezbollah assumiu a responsabilidade por disparos em instalações militares no norte de Israel.
Ao mesmo tempo, o Exército israelense continuou sua ofensiva nesta segunda-feira em Gaza, território palestino devastado e ameaçado pela fome segundo a ONU, onde o Hamas - considerado organização terrorista por Israel, Estados Unidos e União Europeia - governa desde 2007.
O ataque do Hamas em 7 de outubro no sul de Israel matou 1.197 pessoas, a maioria civis, segundo uma contagem da AFP baseada em dados oficiais israelenses.
Os combatentes islamistas tomaram 251 reféns, dos quais 111 permanecem sequestrados em Gaza, embora 39 deles estejam mortos, segundo o Exército israelense.
A ofensiva de Israel em Gaza deixou 39.623 mortos, segundo dados do Ministério da Saúde do governo de Gaza, que não especifica o número de civis e combatentes.
bur/tp/cab/acc/zm/jc/aa