O presidente Luiz Inácio Lula da Silva pediu, nesta segunda-feira (5), diálogo na Venezuela, após a contestada reeleição de Nicolás Maduro, que a oposição e vários governos classificam como fraudulenta.

Do Chile, onde está em visita de Estado, Lula defendeu um entendimento entre as partes diante dos protestos que eclodiram em 28 de julho, depois que a autoridade eleitoral venezuelana proclamou Maduro como vencedor das eleições.

"O compromisso com a paz é o que nos leva a conclamar as partes aos diálogos e promover o entendimento entre governo e oposição", sustentou Lula.

Pelo menos 11 pessoas faleceram nos protestos que se seguiram à reeleição de Maduro, segundo organizações defensoras dos direitos humanos. Também foram reportados mais de dois mil detidos.

Na iniciativa de mediação que o Brasil promove junto aos presidentes da Colômbia, Gustavo Petro, e do México, Andrés Manuel López Obrador, "o respeito pela soberania popular é o que nos move para defender a transparência e os resultados", acrescentou Lula.

O encontro entre ele e o presidente do Chile, Gabriel Boric, era muito esperado.

Os dois países têm tomado o protagonismo na busca de uma saída para a crise política que se agravou na Venezuela após os contestados resultados eleitorais.

Boric foi um dos primeiros líderes a questionar a transparência do pleito.

Enquanto isso, Lula demorou dois dias para se pronunciar sobre as eleições de 28 de julho.

Embora tenha indicado que foi "um processo normal, tranquilo", o presidente brasileiro fez um chamado para que se publiquem as atas eleitorais, como exigem vários governos que ecoaram as suspeitas de fraude por parte da oposição.

Nem Lula, nem Boric reconheceram o candidato opositor Edmundo González Urrutia como vencedor das eleições, como fizeram os governos de Argentina, Equador, Peru, Uruguai, Costa Rica, Panamá e Estados Unidos.

Também não reconheceram abertamente a reeleição de Nicolás Maduro.

- Boric falará na terça -

Nesta segunda-feira, Boric evitou falar sobre a Venezuela durante a conferência ao lado de Lula.

"Esta visita trata da relação Chile-Brasil. Sei que podem haver muitas perguntas sobre outros temas (...) Na questão da contingência regional e internacional, em particular sobre a situação da Venezuela, eu vou me manifestar pessoalmente amanhã à tarde", afirmou.

No entanto, em uma entrevista com o jornal El País, o chanceler Alberto van Klaveren afirmou que "o Chile está disponível para desempenhar um papel útil de mediação frente à crise venezuelana".

Em retaliação à postura assumida por Boric frente ao processo eleitoral, a Venezuela expulsou a delegação diplomática chilena em Caracas.

No entanto, o chefe da diplomacia chilena considerou "prematuro" declarar um vencedor das eleições na Venezuela.

O Conselho Nacional Eleitoral da Venezuela proclamou Maduro presidente reeleito com 52% dos votos, contra 43% para González, representante da líder inabilitada María Corina Machado.

A oposição denunciou fraude e assegura que tem provas para demonstrar uma vitória de González.

O CNE não publicou em detalhe o resultado da eleição de 28 de julho: seu site não funciona desde então, como parte do que disse ter sido um "hackeamento maciço" em seu sistema, uma justificativa que especialistas descartam.

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