A polícia fronteiriça do Panamá desmantelou, nesta quarta-feira (7), uma organização que contrabandeava migrantes chineses e lhes fornecia, a caminho dos Estados Unidos, uma rota com menos dificuldades para atravessar a inóspita selva de Darién. 

"Até agora prendemos um total de 10 pessoas", disse o promotor contra o crime organizado, Emeldo Márquez. 

Os detidos pertencem a uma organização "dedicada ao contrabando ilícito de migrantes de diferentes nacionalidades, com destaque para pessoas de nacionalidade chinesa", acrescentou Márquez. 

As prisões foram feitas na localidade de Santa Fé, perto da cidade de Metetí, na província de Darién, região fronteiriça com a Colômbia por onde passam milhares de migrantes a caminho dos Estados Unidos. 

Agentes da polícia de fronteira (Senafront), juntamente com promotores, revistaram várias casas e fazendas em Darién, onde apreenderam veículos usados pelos detidos para transportar migrantes.

Algumas são simples casas de madeira localizadas às margens da Rodovia Interamericana, enquanto outras estão em locais menos acessíveis, aos quais só é possível chegar por estradas de terra, confirmaram jornalistas da AFP.

Vários tinham câmeras e dispositivos eletrônicos próximos para, presumivelmente, alertar sobre a presença da polícia. 

As operações também encontraram caminhões que transportavam migrantes e casas de negócios nas proximidades, provavelmente para realizar a lavagem de dinheiro proveniente do contrabando de migrantes.

Os detidos, segundo o Ministério Público, operavam uma "rota VIP" para cruzar Darién, que leva menos tempo, mas pela qual os migrantes devem pagar mais dinheiro aos coiotes. Esta rota é usada principalmente por migrantes chineses, segundo os promotores.

"É uma rota que se chama VIP pelas facilidades que oferece para se deslocarem mais rápido do que a rota usada pelo resto dos migrantes", disse Márquez. 

Em 2023, mais de meio milhão de migrantes atravessaram esta selva, onde enfrentam perigos como rios caudalosos, animais selvagens e grupos criminosos que roubam, estupram e matam. 

Até agora, este ano, mais de 220 mil pessoas atravessaram a selva, a maioria venezuelanos, mas também equatorianos, colombianos, haitianos e chineses. 

O número de migrantes chineses que cruzou Darién aumentou de 296 no período 2010-2019 para mais de 12.000 até agora em 2024, segundo dados oficiais panamenhos.

jjr/fj/val/aa