O ex-presidente boliviano Evo Morales considerou, nesta quarta-feira (7), uma "traição" por parte de seu pupilo político e atual mandatário, Luis Arce, a proposta de um referendo para decidir sobre a reeleição presidencial e afirmou que Arce apenas busca torná-lo inelegível para o pleito de 2025.

"Utilizando os mesmos métodos que o traidor Lenin Moreno, Luis Arce pretende convocar um referendo com o único propósito de me desqualificar como candidato para as eleições", afirmou Morales na rede social X, acrescentando que "a traição é uma das condutas humanas mais desprezíveis".

Morales mencionou um plebiscito convocado pelo ex-presidente equatoriano Lenin Moreno em 2018, que eliminou a reeleição ilimitada e que seus opositores alegaram ter sido direcionado contra seu antecessor e mentor político, Rafael Correa.

Morales (2006-2019) escolheu Arce, seu ex-ministro da Economia, como candidato para as eleições de 2020, das quais seu sucessor político saiu vencedor com 55% dos votos.

Mas agora ambos estão em conflito pelo controle do governo e pela candidatura para as eleições de 2025, embora apenas Morales tenha declarado que concorrerá à Presidência.

Arce propôs na terça-feira a convocação de uma consulta popular para definir os limites constitucionais da reeleição presidencial. A Constituição boliviana estabelece que o mandato presidencial é de cinco anos, com possibilidade de apenas uma reeleição subsequente.

Morales (2006-2019) argumenta que o preceito constitucional não o afeta, pois não proíbe a reeleição de forma descontínua, como seria o seu caso.

O governo de Arce, no entanto, afirma que esse artigo desqualifica Morales, pois ele governou por três mandatos consecutivos de 2006 a 2019 e que uma decisão judicial de 2023 proíbe a reeleição ilimitada.

O ministro da Justiça, Iván Lima, colaborador próximo de Arce, criticou Morales em uma coletiva de imprensa. "Quem não quer ouvir o povo boliviano, quem está disposto a pensar somente em si mesmo, é uma só pessoa: chama-se Evo Morales (...) porque ele apenas mente para o país".

Arce propôs que a consulta seja realizada no mesmo dia das eleições,, embora ainda precise coordenar o mecanismo, a forma e as perguntas com o Parlamento e o tribunal eleitoral.

As autoridades pretendem agendar a votação para dezembro ou janeiro.

O governo também quer fazer consultas no mesmo dia sobre o subsídio estatal à importação de combustíveis e a redistribuição dos assentos parlamentares entre os nove departamentos do país.

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