Donald Trump e Kamala Harris  -  (crédito: Getty Images via AFP)

Donald Trump e Kamala Harris

crédito: Getty Images via AFP

WASHINGTON, EUA (FOLHAPRESS) - Incomodado com o domínio democrata sobre o noticiário nas últimas semanas, Donald Trump convocou jornalistas para uma entrevista coletiva em seu resort em Mar-a-Lago, na Flórida, Estados Unidos, nesta quinta-feira (8/8).

 

 

O republicano reclamou da cobertura que Kamala Harris vem recebendo da imprensa, que chamou de desonesta. "Eu tenho 10, 20 vezes o número de pessoas nos comícios dela, e nunca falam disso. Ela tem 10 mil pessoas e falam 'ah, o entusiasmo'. Mas nós temos o entusiasmo, o Partido Republicano e eu temos o entusiasmo", disse.

 

Na última terça (6), a vice-presidente lotou um ginásio na Filadélfia com capacidade para 10 mil pessoas, no primeiro comício ao lado de seu recém-anunciado vice, Tim Walz. Democratas aproveitaram para contrastar fotos do evento com imagens de um comício feito no mesmo lugar por Trump, em que muitos bancos estavam vazios.

 

 

"Em termos de público, na história do país ninguém nunca teve públicos como eu. Eu tenho centenas de milhares de pessoas", disse Trump. O ex-presidente afirmou ainda que no 6 de Janeiro havia mais apoiadores seus em Washington do que na histórica marcha liderada por Martin Luther King.

 

"Se você olhar para o Martin Luther King, para as fotos, o cenário é o mesmo, e diziam que ele tinha mais de 1 milhão de pessoas. Eu na verdade tinha mais gente do que ele", afirmou.

 

O gesto do ex-presidente nesta quinta também é uma forma de pressionar ainda mais Kamala em uma das principais frentes de ataque republicanas: até agora, a nova candidata democrata não deu uma entrevista à imprensa.

 

"Ela não está dando coletivas, porque ela não sabe fazer isso. Ela não é inteligente o suficiente para fazer uma coletiva", afirmou. "Ela não faz entrevistas nem com pessoas simpáticas a ela, porque não faria melhor nem que o Biden."

 

Trump também acusou a adversária de ser incompetente diversas vezes e afirmou que Hillary Clinton, com quem concorreu em 2016, era mais inteligente do que a atual candidata democrata.

 

Na véspera, o vice na chapa de Trump, J.D. Vance, chegou a ir atrás do avião da vice-Presidência, com quem coincidentemente o seu dividia a pista, para tentar confrontá-la e os repórteres que a acompanham sobre a falta de interações da candidata com a imprensa.

 

Trump voltou a classificar a democrata como alguém de esquerda radical, assim como Walz, e acusá-la de ter destruído San Francisco e a Califórnia, durante sua carreira como procuradora. Pronunciando o nome de Kamala errado, ele também a culpou pelo fluxo recorde de entrada de pessoas na fronteira com o México, o que ele atribui, sem provas, a outros países estarem "esvaziando prisões e instituições psiquiátricas" nos EUA.

 

Trump repetiu a acusação, sem provas, de que os democratas estão registrando imigrantes em situação irregular para votar na eleição (algo não permitido pela legislação americana).

 

O ex-presidente negou que tenha recalibrado sua estratégia contra os democratas após a troca de Joe Biden por Kamala porque ambos representam as mesmas políticas.

 

 

Ele repetiu a acusação, sem provas, de que democratas querem permitir o aborto até o final da gravidez e mesmo após o nascimento da criança. "O governador de Minnesota concorda com isso", disse, em referência a Walz.

 

Trump disse ainda que acha que o tema do aborto perdeu relevância na eleição, após ele ter declarado que apoia que os estados tenham autonomia sobre isso e dizer que concorda com exceções como estupro e incesto.

 

O republicano também acusou os adversários de quererem tirar as armas de todos os americanos, algo que Kamala e Walz têm enfatizado, porém, que defendem regras mais rígidas para acesso a armas, mas que defendem o direito a posse e porte nos EUA. Trump também disse que os democratas querem tirar recursos da polícia e que, se reeleitos, provocarão uma depressão econômica no país.

 

Ao mesmo tempo, ele admitiu ter perdido território com eleitoras negras. "Eu estava indo muito bem com eleitores negros, e ainda estou com homens negros. Pode ser que eu não vá tão bem com mulheres negras, mas estou indo muito bem com hispânicos. Eleitores judeus e homens brancos dispararam", afirmou.

 

"Kamala tem sido muito ruim com Israel e com judeus. Se alguém é judeu e vai votar na Kamala em vez de mim, essa pessoa têm que ter a cabeça examinada", disse.

 

Douglas Emhoff, o marido da democrata, é judeu. Ele anunciou nesta quinta a doação de US$ 2,2 milhões (R$ 12,3 milhões) à Unesco, organização para a educação, ciência e cultura da ONU, para auxiliar a luta contra o antissemitismo.

 

O ex-presidente repetiu ainda que Joe Biden foi injustamente impedido de concorrer pelo Partido Democrata e disse achar ser inconstitucional sua substituição por Kamala, que não participou de primárias. "Ela não recebeu um voto", afirmou diversas vezes. "Não sei se Biden poderia ganhar, mas ele tinha o direito de concorrer", afirmou.

 

"Ele teve um debate difícil, mas isso não significa que você tira [a candidatura] dele dessa forma."

 

Trump afirmou que sua campanha negociou três debates: um dia 4 de setembro na Fox News, outro no dia 10 do mesmo mês na NBC, e um terceiro no dia 25 de setembro na ABC, mas sem confirmar se os democratas concordam. Enquanto ele falava, a rede ABC confirmou que as duas campanhas concordaram com um debate no dia 10 de setembro.

 

O republicano também confirmou que participará de um programa com Elon Musk na noite da próxima segunda-feira.