Israel lançou, nesta sexta-feira (9), uma nova ofensiva terrestre no sul da Faixa de Gaza um dia depois de anunciar, sob pressão dos países mediadores temerosos de uma deflagração no Oriente Médio, que aceitava retomar as negociações de trégua com o movimento islamista Hamas.
A ofensiva se concentra em Khan Yunis, a maior cidade do sul do território palestino, de onde as tropas israelenses se retiraram em abril, após semanas de duros combates com milicianos do Hamas, no poder em Gaza.
Na quinta-feira, o Exército israelense instou a população a evacuar bairros do leste de Khan Yunis antes de lançar suas operações e, nesta sexta, indicou que estava travando combates “subterrâneos” nessa localidade.
A ordem provocou a fuga precipitada a pé ou em carros carregados de pertences de diversos civis, novamente atingidos por um conflito que começou há dez meses e forçou o deslocamento de 90% dos 2,4 milhões de habitantes de Gaza, segundo dados da ONU.
“Fomos deslocados 15 vezes. Basta! Somos civis e não somos responsáveis por essa situação”, afirma Mohamed Abdeen. Outro habitante obrigado a fugir, Ahmed al Najjar, grita irritado: "Sem mais humilhações! Detenham essa farsa!".
A Defesa Civil da Faixa de Gaza reportou que um bombardeio deixou vítimas no leste de Khan Yunis e que quatro pessoas morreram em um ataque em Nuseirat, no centro do território.
- Conseguir “rapidamente um acordo” -
Na quinta-feira, o Irã, aliado do Hamas e de outras organizações armadas na região, acusou Israel de querer “estender” a guerra de Gaza.
O conflito aumentou as tensões entre o Irã e seus aliados no Líbano, Iêmen, Síria, Iraque e Israel. O assassinato em 31 de julho em Teerã do chefe do comitê político do Hamas, Ismail Haniyeh, aumentou os temores de uma escalada.
O ataque com explosivos que matou Haniyeh não foi reivindicado, mas Irã e Hamas o imputaram a Israel e prometeram vingá-lo.
Horas antes do assassinato de Haniyeh, um bombardeio reivindicado por Israel matou, em um subúrbio de Beirute, Fuad Shukr, o comandante militar do movimento xiita Hezbollah, aliado do Hamas e apoiado pelo Irã.
Na terça-feira, o Hamas nomeou Yahya Sinwar, o chefe do movimento em Gaza, para ser o substituto de Haniyeh. Israel acusa Sinwar de ser um dos cérebros do ataque de 7 de outubro que desencadeou a guerra.
O perfil de Sinwar, que pertenceu ao braço armado do Hamas, desperta temores de que as negociações se compliquem.
Na quinta-feira, os países mediadores do conflito - Catar, Egito e Estados Unidos - instaram as partes a retomar as negociações indiretas para “fechar todas as brechas restantes e começar a implementação do acordo sem mais demora”.
O roteiro para uma trégua possui várias etapas e se baseia em um plano esboçado em 31 de maio pelo presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, que o apresentou como uma proposta de Israel.
Em 15 de agosto, Israel enviará uma delegação ao local que for acordado para “concluir os detalhes de concretização de um acordo”, anunciou o gabinete do primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu.
Nesta sexta, o ministro da Defesa israelense, Yoav Gallant, destacou a importância de “conseguir rapidamente” um acordo para a libertação dos reféns nas mãos do Hamas, durante uma conversa telefônica com seu contraparte americano, Lloyd Austin.
A tensão subiu vários graus na fronteira entre Israel e Líbano, onde, desde o início da guerra, foram registradas trocas quase diárias de artilharia entre o Exército israelense e o Hezbollah. Nos últimos dias, caças israelenses entraram no espaço aéreo do Líbano à baixa altitude, gerando pânico na população.
A guerra de Gaza estourou em 7 de outubro, quando milicianos islamistas mataram 1.198 pessoas, em sua maioria civis, no sul de Israel, segundo um balanço baseado em dados oficiais israelenses. Entre os mortos, havia mais de 300 militares.
Eles também capturaram 251 reféns, dos quais 111 seguem sequestrados em Gaza, porém 39 deles teriam morrido, segundo o Exército israelense.
A ofensiva israelense em Gaza deixou até agora 39.677 mortos, segundo o Ministério da Saúde do governo do Hamas.
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