O primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, pediu nesta sexta-feira (9) às forças de segurança que permaneçam "em alerta" devido aos distúrbios racistas e de extrema direita no Reino Unido, no mesmo dia em que um tribunal condenou um homem à prisão por incitação ao ódio na internet.

A onda de violência começou em 30 de julho após a morte de três meninas em um ataque com faca em Southport, no noroeste da Inglaterra. Depois, os distúrbios se espalharam por todo o país, alimentados por rumores na internet sobre a identidade do suspeito, falsamente apresentado como um solicitante de asilo muçulmano.

Starmer, que enfrenta sua primeira crise desde que assumiu o cargo em 5 de julho, pediu nesta sexta à polícia que se mantenha "em estado de alerta" para "garantir a segurança".

Exceto por incidentes residuais na Irlanda do Norte na noite de quinta-feira, não houve novos surtos de violência no Reino Unido desde terça-feira. As autoridades atribuem essa calma à rapidez e à firmeza da resposta policial e judicial.

A polícia prendeu quase 600 pessoas e cerca de 150 foram acusadas de crimes até o momento. O primeiro-ministro prometeu nesta semana sentenças "rápidas".

Depois que milhares de pessoas se manifestaram contra o racismo na noite de quarta-feira em várias cidades, mais de mil pessoas, algumas com cartazes dizendo "fascistas, fora", denunciaram nesta sexta os distúrbios em Belfast.

Em frente a elas, se reuniu um grupo de cem manifestantes anti-imigração, mas os dois protestos se dissolveram sem incidentes, segundo um jornalista da AFP.

O rei Charles III, que está de férias na Escócia, conversou por telefone com o primeiro-ministro Starmer e com autoridades policiais.

O monarca agradeceu às forças de segurança por sua atuação diante "da agressão e da criminalidade de alguns poucos", indicou um porta-voz do Palácio de Buckingham.

O soberano, cujo silêncio sobre os distúrbios começava a gerar críticas, "espera que os valores compartilhados de respeito e compreensão mútua continuem a reforçar e unir a nação", acrescentou a mesma fonte.

- "Estado de alerta" -

Também nesta sexta-feira, um tribunal de Leeds condenou Jordan Parlour, de 28 anos, a 20 meses de prisão, metade em regime fechado, por confessar ter escrito mensagens com o objetivo de "incitar o ódio racial".

O acusado divulgou no Facebook publicações incentivando ataques contra um hotel no qual estavam hospedados solicitantes de asilo e refugiados.

Sua condenação é a primeira deste tipo desde que começaram os protestos racistas. As autoridades destacaram esse caso como um símbolo de sua determinação de incluir os internautas e as plataformas digitais em sua resposta judicial aos acontecimentos.

Pouco depois, um homem de 26 anos, pai de três filhos, foi condenado a três anos e dois meses de prisão em regime fechado por ter incitado, também nas redes sociais, a incendiar hotéis que abrigavam solicitantes de asilo.

Apesar de um certo retorno à calma, o governo teme que a retomada da liga de futebol neste fim de semana provoque novas tensões devido às conexões da extrema direita com torcedores violentos.

Starmer, que visitou um centro de comando da polícia de Londres nesta sexta, pediu aos agentes que continuem "em estado de alerta".

O premiê disse estar "absolutamente convencido" de que a "rapidez" na resposta policial e judicial teve "um efeito real" na calmaria dos últimos dias.

Milhares de policiais estão mobilizados desde o início dos distúrbios, que explodiram após a propagação na internet de rumores de que o suspeito do esfaqueamento em Southport era um solicitante de asilo muçulmano.

A polícia informou que o suspeito do ataque é um jovem de 17 anos nascido no País de Gales, e a mídia britânica indicou que seus pais são de Ruanda.

As redes sociais "não são uma terra sem lei", insistiu Keir Starmer nesta sexta, prometendo que o governo vai "investigar" o assunto.

Algumas autoridades, como o prefeito de Londres, Sadiq Khan, pediram ao governo que reavalie uma nova lei sobre a segurança na internet aprovada no ano passado, mas que ainda não entrou totalmente em vigor.

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