O Brasil ficou com a medalha de prata no futebol feminino dos Jogos Olímpicos de Paris-2024 ao perder para os Estados Unidos por 1 a 0 neste sábado (10) na final no Parque dos Príncipes, na capital francesa, em jogo marcado pela despedida olímpica da veterana atacante Marta.
A artilheira Mallory Swanson marcou o único gol da partida no início do segundo tempo (57'), após uma assistência da camisa 10 e capitã Lindsey Horan, e com isso as americanas conquistaram sua quinta medalha de ouro, a primeira desde Londres-2012. O futebol feminino estreou em Atlanta-1996.
Três desses cinco ouros tiveram como vítimas a mesma seleção e a mesma jogadora: Brasil e Marta, em Atenas-2004, Pequim-2008 e agora Paris-2024.
Considerada a melhor jogadora de futebol da história, a atacante se despediu aos 38 anos, com derrota e sem a desejada coroa, em seu sexto e último torneio olímpico e "provavelmente" de competições internacionais oficiais com a seleção brasileira.
Mas talvez com o consolo de ter marcado presença nas únicas três medalhas olímpicas, três de prata, do Brasil.
A veterana canhota entrou no segundo tempo (61'), no seu reaparecimento na competição francesa depois de cumprir dois jogos de suspensão, mas pouco pôde fazer para empatar a final.
"Não sei o que pode acontecer, não sei quais são os planos da seleção, mas os meus planos são poder continuar a contribuir de alguma forma para a seleção, porque é a minha vida", disse ela.
- Tom Cruise e ex-jogadoras na tribuna -
A cantora italiana Gala e seu hit "Freed from Desire", que também havia sido cantado na sexta-feira na final masculina vencida pela Espanha contra a França, deram o tom para a casa cheia no Parque dos Príncipes, dividido entre as duas torcidas.
O 'Team USA' contou, entre os mais de 48 mil espectadores, com o apoio ímpar do astro de Hollywood Tom Cruise e das representantes da velha guarda do seu premiado futebol, lideradas por Megan Rapinoe, bicampeã mundial (2015 e 2019) e medalha de ouro em Londres.
A torcida especial não garantiu que as americanas começariam bem. Pelo contrário, Ludmila assustou logo cedo (2') num chute defendido em dois tempos por Alyssa Naeher. Ela seria, junto com Gabi Portilho, um tormento para a defesa armada pela premiada técnica britânica Emma Hayes.
O duelo, pelo menos no primeiro tempo, foi marcado por imprecisões nos passes e avanços rápidos pelas pontas, uma delas de Swanson (26'), que fez a goleira brasileira Lorena mostrar todos os seus reflexos.
Do outro lado, a goleira Naeher impressionou nos acréscimos (45'+2), quando com um movimento acrobático evitou o terceiro gol do torneio de Gabi Portilho, que deu um disparo de pé direito após um passe da capitã Adriana.
- Swanson abre placar, Marta entra em campo -
Na área de aquecimento, Marta esperava sua oportunidade, inicialmente distante devido ao bom desempenho das brasileiras para controlar Swanson, Sophia Smith e Trinity Rodman, responsáveis por marcar dez dos 12 gols no torneio.
A situação mudou numa desatenção da defesa da equipe comandada pelo técnico Arthur Elias, e que foi aproveitada por Horan que tocou para Swanson abrir o placar de pé direito.
Faltando 30 minutos, Elias colocou em campo sua arma não tão secreta: Marta, no lugar de Ludmila.
Mas era a camisa 10 dos Estados Unidos, Horan, do Lyon, quem ditava o ritmo da renovada seleção americana, que lutou para esquecer o fiasco da Copa do Mundo de 2023.
"Estou muito emocionada, foi um sonho para mim estar nesta posição", disse a treinadora britânica, cuja equipe fechou o torneio com seis vitórias em seis jogos.
Com muita tensão em campo e todos os olhares voltados para Marta, foi Adriana quem tentou a virada com uma cabeçada nos acréscimos que fez Naeher se esticar (90'+3) para defender e garantir a vantagem americana.
"O ouro significa muito, mas significa ainda mais ter conseguido com este grupo", disse a autora do gol do triunfo.
Com o título olímpico mais uma vez perdido, desta vez para sempre, Marta consolou as jovens companheiras e recebeu os aplausos do Parque dos Príncipes na despedida da 'Rainha'.
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