O novo governo interino de Bangladesh, presidido pelo ganhador do Prêmio Nobel da Paz, Muhammad Yunus, expressou "grande preocupação" neste domingo (11), após relatos de ataques a minorias religiosas nas últimas semanas. 

Yunus assumiu a liderança interina do governo na quinta-feira, dias depois da renúncia da primeira-ministra Sheikh Hasina, após semanas de protestos estudantis violentamente reprimidos. 

Desde a fuga de Hasina para o exterior, na segunda-feira, que pôs fim a 15 anos de um governo autocrático, houve inúmeros relatos de violência contra casas, templos e empresas pertencentes à comunidade hindu. 

Considera-se que esta minoria religiosa, a maior neste país de 170 milhões de habitantes – de maioria muçulmana – apoia plenamente a Liga Awami, partido de Hasina.

"Os ataques a minorias religiosas em alguns lugares foram constatados com profunda preocupação", declarou o governo interino em sua primeira declaração oficial, acrescentando que os seus membros se reuniriam para "encontrar formas de pôr fim a estes ataques de ódio". 

O texto publicado neste domingo inclui outras prioridades urgentes. 

O governo ordenou que seja fornecido apoio às famílias dos manifestantes mortos durante as semanas de protestos que levaram à renúncia da primeira-ministra. Além disso, os fundos públicos serão usados para pagar o atendimento dos feridos durante os distúrbios, que começaram no início de julho e deixaram mais de 450 mortos.

O novo presidente do Supremo Tribunal, Syed Refaat Ahmed, tomou posse após a renúncia, no sábado, de Obaidul Hasan, um aliado de Hasina. O chefe da polícia foi destituído e o governo também anunciou que nomearia em breve um novo governador do banco central para substituir o anterior, leal a Hasina. 

As manifestações que derrubaram a ex-líder de 76 anos começaram com protestos estudantis contra um sistema de cotas na atribuição de cargos públicos, que segundo seus críticos beneficiava grupos leais à Liga Awami. 

Yunus, um economista de 84 anos apelidado de "banqueiro dos pobres", disse que trabalharia para que "eleições livres e justas sejam realizadas nos próximos meses".

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