A pressão internacional por um cessar-fogo na guerra entre Israel e Hamas na Faixa de Gaza aumentou nesta segunda-feira (12), um dia após o movimento islamista pedir a implementação do plano de trégua do presidente dos EUA, Joe Biden.

França, Alemanha e Reino Unido afirmaram nesta segunda que "não pode haver mais demora" nas negociações para uma trégua no território palestino, onde o Exército israelense realiza há dez meses uma devastadora ofensiva de retaliação como resposta a uma incursão letal de milicianos islamistas no sul do país em 7 de outubro.

"As hostilidades precisam cessar imediatamente", afirmaram os líderes dos três países em uma declaração conjunta, pedindo também a libertação dos reféns capturados pelos militantes no dia do ataque. 

O Hamas, que governa Gaza, pediu no domingo a implementação do plano de três fases apresentado no fim de maio por Biden, "em vez de realizar mais negociações ou novas propostas". 

Os países mediadores — Estados Unidos, Egito e Catar — pediram a retomada das negociações indiretas sobre uma trégua associada à libertação entre os dois lados a partir de 15 de agosto. Israel aceitou este pedido, mas o Hamas ainda não indicou claramente se participará. 

A primeira fase do plano apresentado por Biden em 31 de maio, atribuído a Israel, prevê uma trégua de seis semanas e a retirada israelense das áreas densamente povoadas de Gaza, bem como uma troca de reféns por prisioneiros palestinos custodiados em Israel.

- Suspensão de conexões aéreas -

Após o ataque de 7 de outubro, Israel prometeu destruir o Hamas, que governa Gaza desde 2007 e é considerado uma organização terrorista pelos israelenses, assim como por Estados Unidos e União Europeia. 

Naquele dia, militantes islamistas mataram 1.198 pessoas, a maioria civis, no sul de Israel, segundo um balanço da AFP com base em dados oficiais israelenses. 

Também tomaram 251 reféns, dos quais 111 ainda seguem em cativeiro em Gaza, incluindo 39 que estariam mortos, segundo o Exército israelense. 

A ofensiva israelense em Gaza provocou até agora 39.897 mortes, segundo o Ministério da Saúde do governo do Hamas, que não detalha o número de civis e combatentes mortos. 

A guerra também causou uma catástrofe humanitária no território palestino, e quase todos os seus 2,4 milhões de habitantes foram deslocados pelo conflito. 

O Exército israelense anunciou nesta segunda-feira que um soldado morreu na véspera durante os combates, elevando para 330 o número de militares mortos na Faixa de Gaza desde o início da ofensiva terrestre israelense em 27 de outubro. 

Os apelos por um cessar-fogo se intensificaram desde o assassinato em 31 de julho em Teerã do chefe do Hamas, Ismail Haniyeh, atribuído a Israel, e a morte um dia antes do chefe militar do movimento libanês Hezbollah, Fuad Shukr, em um ataque perto de Beirute reivindicado por Israel. 

O Irã e seus aliados ameaçaram Israel com uma resposta "severa", gerando temor de que a guerra se espalhe pelo resto do Oriente Médio. 

O chefe do governo alemão, Olaf Scholz, instou nesta segunda-feira o presidente iraniano, Masud Pezeshkian, a "fazer tudo o que for possível para evitar uma escalada militar" na região, durante uma conversa telefônica. 

Scholz sublinhou ainda que "chegou a hora de finalizar um acordo de cessar-fogo e a libertação dos reféns na Faixa de Gaza". 

A companhia Lufthansa anunciou que prolongou até 21 de agosto a decisão de evitar os espaços aéreos iraniano e iraquiano. O maior grupo de transporte aéreo europeu também estendeu até esta data o cancelamento de seus voos para Tel Aviv, Teerã, Beirute, Amã e Erbil, no Curdistão iraquiano. 

A Air France e sua subsidiária Transavia também prorrogaram o cancelamento de suas conexões para Beirute até quarta-feira. 

O presidente da Autoridade Palestina, Mahmud Abbas, que governa parcialmente a Cisjordânia ocupada, viajará nesta segunda-feira para a Rússia, onde se reunirá com seu homólogo Vladimir Putin para discutir a situação em Gaza. 

- "Corpos despedaçados" -

O Hamas pediu no domingo aos mediadores que "apresentem um roteiro" para "implementar" o plano de Biden e "as resoluções do Conselho de Segurança da ONU". 

Continuar negociando significa "dar cobertura" aos bombardeios israelenses, acrescentou, um dia após um bombardeio israelense contra uma escola que abrigava deslocados na Cidade de Gaza, no norte do território. 

Autoridades de Gaza indicaram nesta segunda-feira que 75 corpos dos 93 palestinos mortos por esse bombardeio foram identificados e que os trabalhos de identificação dos demais continuam. 

"Os outros não foram identificados porque os corpos estão despedaçados, outros foram carbonizados no bombardeio", declarou à AFP o porta-voz da Defesa Civil palestina, Mahmud Basal. 

O Exército israelense, que afirmou que a escola era utilizada pelo Hamas e pela Jihad Islâmica — outro grupo armado —, assegurou que o bombardeio "eliminou" 31 combatentes dos dois movimentos palestinos. Em um balanço anterior, contava com "pelo menos 19 terroristas"  mortos.

O ataque, cujo saldo não pôde ser verificado de forma independente, provocou uma onda de protestos internacionais.  

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