O Irã rejeitou nesta terça-feira (13) os apelos dos países ocidentais para abandonar as ameaças contra Israel e afirmou que não pede "autorização" para responder a seu inimigo, que acusa de ter assassinado o líder do Hamas, Ismail Haniyeh, em seu território.
Os governos dos Estados Unidos, França, Reino Unido, Itália e Alemanha pediram na segunda-feira ao Irã que "renuncie a suas ameaças contínuas de um ataque militar contra Israel".
A Casa Branca também alertou que um ataque iraniano "poderia ter um impacto nas negociações", previstas para quinta-feira, sobre um cessar-fogo na guerra em Gaza, que começou em outubro com o ataque do movimento islamista palestino Hamas contra Israel.
Porém, o Ministério das Relações Exteriores do Irã respondeu, em uma declaração de seu porta-voz Naser Kanani, que "um pedido como este não tem lógica política, é totalmente contrário aos princípios e regras do direito internacional e constitui apoio a Israel".
Em um comunicado, Kanani denunciou que o pedido destes países "não faz objeções aos crimes internacionais do regime sionista, mas pede com atrevimento ao Irã que não atue de forma dissuasiva contra um Estado que violou a sua soberania".
- EUA prevê ataques "esta semana" -
O Irã e seus aliados regionais no Líbano, Iraque e Iêmen prometeram responder aos assassinatos, em 31 de julho na capital iraniana, do líder do Hamas, que atribuem a Israel, e de Fuad Shukr, comandante militar do Hezbollah libanês pró-Irã, que morreu um dia antes em um bombardeio em Beirute, este sim reivindicado por Israel.
"A República Islâmica está determinada a defender sua soberania (...) e não pede a autorização de ninguém para usar seus direitos legítimos", afirmou Kanani.
O governo dos Estados Unidos, que reforçou nos últimos dias sua presença militar no Oriente Médio, prevê uma "série de ataques" por parte do Irã e seus aliados esta semana.
O presidente americano, Joe Biden, abordou a questão na segunda-feira durante uma conversa com os governantes de França, Alemanha, Itália e Reino Unido, que alertaram para as "graves consequências" de um ataque para a segurança regional.
O chefe de Governo alemão, Olaf Scholz, e o primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, pediram uma redução das tensões durante conversas telefônicas com o presidente iraniano, Masud Pezeshkian.
"O Irã nunca se submeterá às pressões, sanções, assédio e agressão", respondeu Pezeshkian, segundo um comunicado da agência de notícias oficial Irna após a conversa com Scholz.
- "Uma saída" para Teerã -
As medidas para evitar um agravamento do cenário regional coincidem com os esforços diplomáticos para conseguir uma trégua em Gaza, que permita a libertação dos reféns israelenses sequestrados pelo Hamas e um alívio para os 2,4 milhões de habitantes do território palestino que enfrenta uma catástrofe humanitária.
A perspectiva de um cessar-fogo na Faixa "oferece ao Irã uma saída deste ciclo de escalada", declarou Esfandyar Batmanghelidj, diretor geral da 'Bourse & Bazaar Foundation'.
"As autoridades iranianas sentem a obrigação de responder Israel, mas devem fazer de uma forma que não prejudique as perspectivas de um cessar-fogo", acrescentou.
Os países mediadores no conflito (Catar, Egito e Estados Unidos) convocaram as partes para novas conversações na quinta-feira (15) e Israel prometeu participar no encontro.
O Hamas, que não respondeu publicamente se comparecerá, pediu no domingo a aplicação do plano em três etapas anunciado por Biden para uma trégua, e não "mais negociações ou a apresentação de novas propostas".
A proposta, que Biden atribuiu a Israel, prevê uma trégua de seis semanas, uma retirada israelense das áreas densamente habitadas de Gaza e uma troca de reféns israelenses por detentos palestinos.
O conflito começou em 7 de outubro com o ataque sem precedentes do Hamas contra o sul de Israel, que matou 1.198 pessoas, a maioria civis, segundo uma contagem da AFP baseada em dados oficiais israelenses.
Os milicianos islamistas também sequestraram 251 pessoas. O Exército israelense afirma que 111 permanecem em cativeiro em Gaza, mas que 39 teriam sido mortos.
Israel prometeu aniquilar o Hamas e iniciou uma campanha militar em Gaza que deixou 39.929 mortos até o momento, segundo o Ministério da Saúde do território governado pelo Hamas.
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