A ex-presidente argentina Cristina Kirchner assegurou, nesta quarta-feira (14), que nos meses anteriores à sua tentativa de homicídio em 2022 houve um "crescimento da violência" contra sua pessoa, ao depor no julgamento contra os acusados do magnicídio fracassado.
"Havia muita violência e curiosamente os que iam à porta da minha casa me insultar, depois do atentado desapareceram", disse Kirchner, que naquele momento era vice-presidente, no início de seu depoimento em um tribunal de Buenos Aires.
A ex-mandatária (2007-2015) comparece pela primeira vez ao julgamento de Fernando Sabag (37 anos), sua ex-mulher e um terceiro indivíduo, empregador de ambos como vendedores de doces. Em 1º de setembro de 2022, Sabag engatilhou uma arma contra Kirchner.
"Havia violência simbólica e não tão simbólicas em questões que tinha a ver inclusive com minha condição de mulher", disse Kirchner ao mostrar ante o tribunal capas de revistas com ilustrações ou desenhos onde a mostravam crucificada ou com golpes no rosto, entre elas do Clarín ou da revista Noticias.
"Ninguém nunca disse nada sobre isso, era a primeira presidente mulher eleita, sofria essas agressões", afirmou Kirchner.
Sabag apertou duas vezes a pistola com a qual apontava de perto para a cabeça da ex-presidente em meio a uma multidão que havia ido às imediações do departamento de Kirchner, em Buenos Aires, para apoiá-la por causa da iminente condenação por corrupção que lhe seria imposta em 6 de dezembro de 2022.
A bala não disparou, Sabag foi preso por apoiadores de Kirchner e entregue à polícia.
Kirchner também disse nesta quarta, como tem feito desde que ocorreu o atentado, que quem o idealizou não está entre os acusados e voltou a pedir "que se investigue".
Em seu depoimento, o principal acusado não se mostrou arrependido.
A tentativa de assassinato foi "um ato de justiça", já que "a doutora Kirchner é corrupta, rouba e causa danos à sociedade", disse Sabag em 26 de junho, quando depôs no tribunal.
Os outros dois envolvidos são Brenda Uliarte, acusada como coautora, e Nicolás Carrizo, ex-empregador dela e de Sabag, apontado pelo inquérito como "idealizador" depois que foram encontradas mensagens incriminatórias em seu celular após o atentado.
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