O primeiro-ministroisraelense, Benjamin Netanyahu, fez um apelo neste domingo (18) à comunidade internacional para que pressione o Hamas a alcançar uma trégua em Gaza, pouco antes de uma nova visita do secretário de Estado americano a Israel.

O chefe da diplomacia dos Estados Unidos, Antony Blinken, chega a Israel neste domingo e se reunirá com o premiê israelense na manhã de segunda-feira, antes da retomada das negociações indiretas para um acordo por uma trégua entre Israel e Hamas, prevista para a próxima semana no Cairo.

Neste domingo, Netanyahu fez um apelo por uma "forte pressão" sobre o Hamas e "não sobre o governo israelense", denunciando a "rejeição obstinada" do movimento palestino a uma possível trégua.

"Há coisas nas quais podemos ser flexíveis e outras nas quais não podemos", reiterou, afirmando que "além dos esforços consideráveis para trazer nossos reféns de volta, permanecemos firmes nos princípios (...) essenciais para a segurança de Israel".

Os países mediadores, Estados Unidos, Catar e Egito, mencionaram progressos nas negociações, após uma primeira rodada na quinta e sexta-feira em Doha, e os negociadores israelenses compartilharam seu "otimismo moderado".

"O sentimento, em particular entre aqueles que fizeram parte da mediação em Doha, é que os diferentes pontos de bloqueio que existiam antes podem ser superados e que os esforços continuarão", declarou uma autoridade americana que acompanha Blinken. 

O presidente dos EUA, Joe Biden, garantiu na sexta-feira que tal acordo estava "próximo". Mas para o movimento islamista palestino, que se recusou a participar nas negociações, sua declaração é uma "ilusão".

"Não estamos diante de um acordo ou negociações reais, mas sim da imposição de ditames americanos", disse Sami Abu Zohri, membro do gabinete político do Hamas. 

Os EUA apresentaram na sexta-feira uma nova proposta de acordo, mas o grupo islamista rejeita qualquer proposição revista e exige a aplicação do plano anunciado por Biden no fim de maio.

- "Concluir o acordo" -

Em sua visita a Israel, Blinken buscará "concluir o acordo de cessar-fogo e a libertação dos reféns e detidos", disse o Departamento de Estado. 

O plano apresentado por Biden em 31 de maio prevê uma primeira fase de seis semanas de trégua com uma retirada israelense das zonas densamente povoadas de Gaza e uma troca de reféns por prisioneiros palestinos detidos em Israel.  

Na segunda fase, a proposta inclui a retirada total das tropas de Israel de Gaza.

Com uma trégua no território palestino, os mediadores também buscam reduzir a tensão no restante do Oriente Médio.

O Irã e seus aliados, incluindo o Hezbollah, prometeram vingar a morte do líder do Hamas, Ismail Haniyeh, em um ataque atribuído a Israel em 31 de julho em Teerã, um dia após a morte do chefe militar do movimento islamista libanês em um bombardeio israelense perto de Beirute.

A guerra em Gaza eclodiu em 7 de outubro, quando militantes islamistas mataram 1.198 pessoas, a maioria civis, segundo uma contagem da AFP baseada em dados oficiais israelenses. 

Também sequestraram 251 pessoas no sul de Israel, das quais 111 permanecem em Gaza, embora 39 tenham sido declaradas mortas pelo Exército israelense. 

A ofensiva de Israel em Gaza deixou pelo menos 40.099 mortos, segundo o Ministério da Saúde do governo do Hamas, que não detalha quantos são civis ou combatentes.

- "Os tanques estão se aproximando"  -

Em Gaza, a ofensiva israelense não foi interrompida durante as negociações. 

A Defesa Civil do território palestino, governado pelo Hamas desde 2007, reportou no domingo 11 mortes em bombardeios em Jabaliya, no norte, e em Deir al Balah, no centro. 

"Essas mulheres e crianças fazem parte da resistência? Lutavam enquanto dormiam? São mulheres e crianças e agora estão no necrotério", disse Ahmed Abu Jeir, testemunha de um bombardeio que matou uma mãe e seus seis filhos em Deir al Balah. 

Imagens da AFP mostraram palestinos fugindo de um acampamento improvisado na região de Khan Yunis, a pé, de carro ou em carroças, depois que tanques israelenses tomaram posição em uma colina próxima. 

"Os tanques estão se aproximando, estamos com muito medo, realmente não sabemos para onde ir", declarou Lina Saleha no campo de deslocados de Al Mawasi, perto de Khan Yunis. 

A guerra em Gaza causou uma situação humanitária desastrosa no território palestino, onde a maioria dos seus 2,4 milhões de habitantes foram deslocados.

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