O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, protagonizará nesta segunda-feira (19) uma primeira noite agridoce da Convenção Nacional Democrata em Chicago, onde entregará o bastão à sua vice-presidente, Kamala Harris, para que ela se torne oficialmente a candidata do partido na disputa acirrada pela Casa Branca.
Harris desembarcou no domingo na cidade do leste do país, depois de participar com o seu companheiro de chapa, Tim Walz, em eventos de campanha na Pensilvânia, estado decisivo na corrida presidencial contra o republicano Donald Trump.
Biden, de 81 anos, fará um discurso com tom de despedida hoje à noite depois de meio século no cenário político, no qual revisará a sua gestão e que também simbolizará a transição geracional do Partido Democrata.
Será um momento nostálgico, segundo a representante LaurieBeth Hager, do estado da Dakota do Norte. "Terei meus lenços nas mãos", disse à AFP. Mas também comemorou a decisão como um passo necessário "para olhar para o futuro".
Harris deverá juntar-se a Biden no palco, naquele que promete ser um momento de grandes emoções e que dará início à festa com a qual os democratas esperam capitalizar a efervescência em torno da vice-presidente.
A nomeação é um marco na sua carreira e coroa um dos meses mais agitados da política americana, que a viu emergir após a decisão de Biden, pressionado por questões relativas à sua idade, de desistir de sua ambição por um segundo mandato.
Harris, de 59 anos, revitalizou o partido azul, depois de muitos terem começado a se resignar com um cenário de derrota após o desempenho desastroso de Biden no debate presidencial de junho contra Trump.
A pesquisa mais recente The Washington Post/ABC/Ipsos divulgada no domingo a coloca com uma vantagem muito estreita sobre Trump, uma recuperação significativa levando em consideração que, há um mês, Biden estava empatado com o magnata republicano e perdendo terreno em estados cruciais como o Arizona e Nevada.
Mas Harris parece consciente de que faltam quase 80 dias para as eleições de 5 de novembro e não cai no triunfalismo.
"Não nos vejo como favoritos", disse ela a repórteres na Pensilvânia no domingo, durante um comício com seu companheiro de chapa Walz, governador de Minnesota.
Seu momento de glória deixa os republicanos desconfortáveis.
Trump, de 78 anos, precisou alterar a sua estratégia de ataque após a saída de Biden.
O magnata divulgou nesta semana uma agenda lotada em estados decisivos, como Pensilvânia, onde foi alvo de uma tentativa de assassinato em julho, Carolina do Norte e Arizona, onde visitará a fronteira com o México.
- Mobilização de estrelas -
Mas todos os olhos estarão voltados para Harris.
Tudo está pronto no United Center, casa emblemática do Chicago Bulls e do Chicago Blackhawks, para receber as dezenas de milhares de democratas que se reunirão para aplaudir a sua candidata.
Nomes influentes do partido desembarcarão na cidade às margens do Lago Michigan para apoiá-la.
O carismático ex-presidente Barack Obama e sua esposa Michelle discursarão na terça-feira, enquanto Hillary Clinton o fará nesta segunda.
Walz tomará os microfones na quarta-feira para oficializar sua recente indicação como candidato à vice-presidência, enquanto Harris encerrará a convenção na quinta-feira, quando deverá aceitar a nomeação presidencial do partido.
As especulações sobre a participação de artistas como Beyoncé ou Taylor Swift aumentam o barulho em torno do evento que, no final, será uma plataforma única para Harris, que tem o desafio de conquistar um eleitorado que não necessariamente a conhece muito bem.
- Protestos -
A Convenção Democrata atraiu também dezenas de manifestantes, que aproveitarão a vitrine desta cúpula partidária para protestar a favor dos direitos reprodutivos, das causas da comunidade LGBTQIAPN+ e por um cessar-fogo em Gaza.
"Dirá algo significativo? Acho que não, mas gostaria que acontecesse. Todos nós gostaríamos e é por isso que estamos aqui", disse Linda Loew, ativista dos direitos reprodutivos e uma das organizadoras das diversas manifestações previstas entre domingo e quinta-feira.
Para garantir a segurança do evento, as autoridades mobilizaram uma extensa operação de segurança que inclui, entre outros, quase 2.500 policiais locais, cuja presença é notável nas ruas do centro de Chicago.
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