O ex-candidato opositor venezuelano Enrique Márquez solicitou, nesta terça-feira (20), o impedimento da juíza responsável pelo processo de "certificação" da questionada reeleição do presidente Nicolás Maduro, ao denunciar seu vínculo com o partido governista.
"Apresentamos um pedido de impedimento contra a presidente da sala eleitoral do Tribunal Supremo de Justiça (TSJ), Caryslia Beatriz Rodríguez, que está cuidando do caso, por seu manifesto vínculo político com o Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV, no poder) e com o presidente Nicolás Maduro, principal autor desta ação", disse Márquez à imprensa.
Maduro pediu à corte máxima que valide sua proclamação para um terceiro mandato, anunciada em meio a denúncias de fraude por parte da oposição liderada por María Corina Machado, que reivindica a vitória de seu candidato, Edmundo González Urrutia. O Conselho Nacional Eleitoral (CNE) não publicou a apuração detalhada da eleição de 28 de julho, alegando um suposto ataque hacker.
Rodríguez, que também preside a Sala Eleitoral do TSJ, foi anteriormente vereadora de Caracas pelo PSUV, chefe da Câmara Municipal e prefeita interina da capital.
"Uma juíza pode exercer a justiça de forma muito ruim se não for imparcial", acrescentou Márquez. "Consideramos que efetivamente a senhora presidente da Sala Eleitoral está em situações suficientes de vínculo político e falta de imparcialidade para ser impedida".
O TSJ realizou uma "perícia" das provas coletadas para este processo, que opositores e acadêmicos consideram inadequado. Rodríguez também afirmou que a sentença será irrecorrível.
Márquez, que foi deputado e também reitor do CNE (2021-2023), depôs à Sala Eleitoral em 14 de agosto. Desde então, disse ele, não conseguiu acessar o processo ou apresentar testemunhas, especialistas eleitorais independentes nas "perícias" que o TSJ anunciou.
A corte concluiu o “processo de perícia” no domingo, 18 de agosto, com a intervenção de “especialistas em matéria eleitoral com os mais elevados padrões técnicos e científicos nacionais e internacionais”, segundo publicação do próprio TSJ no Instagram.
González Urrutia não compareceu à convocação, alegando estar em "absoluta vulnerabilidade por falta de defesa". Maduro o acusa de incitar um golpe de Estado junto a Machado e pede que ambos sejam presos.
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