Israel retomou nesta quinta-feira (22), no Cairo, as negociações indiretas que buscam uma trégua na Faixa de Gaza e a libertação dos reféns em poder do movimento islamista Hamas.
As conversas acontecem uma semana após as negociações em Doha entre mediadores de Estados Unidos, Catar e Egito com o chefe do Mossad, David Barnea, e o do Shin Bet, Ronen Bar.
Segundo o porta-voz do premiê de Israel, os chefes dos serviços secretos israelenses encontravam-se hoje no Cairo, onde "negociam para avançar em um acordo para libertar os reféns". Ele não informou quem participava das negociações na capital egípcia, mas a imprensa de Israel afirmou que havia representantes de Washington.
Tanto Israel quanto o Hamas dizem concordar com o plano apresentado em maio pelo presidente americano, Joe Biden. Mas o Hamas, que exige a aplicação estrita do documento, acusa Israel de ter acrescentado "novas condições".
O secretário de Estado americano, Antony Blinken, que concluiu ontem seu nono giro pelo Oriente Médio desde o começo do conflito, anunciou que propôs um novo plano, que teria sido aceito por Israel, que não comentou o assunto.
O movimento islamista exige a aplicação do plano anunciado em 31 de maio por Biden, com uma trégua de seis semanas, a retirada de Israel das áreas densamente povoadas e a libertação de reféns. Em uma segunda fase, o plano prevê a retirada total de Israel do território palestino.
Para Washington, um cessar-fogo ajudaria a evitar uma conflagração regional, incluindo um possível ataque do Irã e aliados israelenses, em retaliação ao assassinato do líder do Hamas, em 31 de julho em Teerã, atribuído a Israel.
A guerra eclodiu em 7 de outubro, quando militantes do Hamas mataram 1.199 pessoas no sul de Israel, a maioria civis, segundo um balanço da AFP baseado em números oficiais. Entre os mortos, havia mais de 300 soldados. Eles também fizeram 251 reféns, dos quais 105 permanecem na Faixa de Gaza, incluindo 34 que o Exército declarou mortos.
O Exército de Israel afirmou hoje que encontrou balas nos corpos de seis reféns que resgatou recentemente em um túnel em Khan Younis, sul da Faixa de Gaza, e acrescentou que investiga as circunstâncias das mortes.
- 'Vivemos com medo' -
Netanyahu repetiu que continuará a guerra até obter a destruição do Hamas, considerado uma organização terrorista por Israel, Estados Unidos e União Europeia.
A Defesa Civil do território palestino informou que cinco pessoas morreram hoje em um bombardeio israelense que atingiu sua residência em Khan Younis. Testemunhas relataram bombardeios no centro e sul do território, além de confrontos entre o Exército e combatentes palestinos no norte.
Após um bombardeio israelense, uma densa nuvem de fumaça encobriu o campo de refugiados de Nuseirat, no centro, cujos ocupantes fugiram às pressas, em meio à poeira e aos escombros, registrou a AFPTV.
"Vivemos com medo ao lado dos nossos filhos. Os bombardeios não param", desabafou Tahani Abu Cherbi em Deir al Balah, perto da região de Nuseirat, de onde se recusa a se mudar novamente, "apesar do perigo".
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