Paris prestou homenagem, neste sábado (24), aos republicanos espanhóis de La Nueve que, há 80 anos, foram o primeiro contingente de tropas francesas a entrar na capital para libertá-la da ocupação nazista.

A cerimônia, que é realizada todos os anos desde 2004, contou com a presença de cerca de 300 pessoas, apesar da chuva, e foi acompanhada por bandeiras republicanas espanholas.

“Ao libertar Paris, esses homens marcaram a abertura da libertação da França e do continente europeu (...), a história europeia, a história de nossas liberdades”, comemorou a prefeita de Paris, Anne Hidalgo.

“La Nueve”, em espanhol, foi o apelido dado à 9ª Companhia da 2ª Divisão Blindada da França Livre, porque de seus 160 homens, 146 eram republicanos espanhóis que fugiram de seu país após a Guerra Civil (1936-1939).

Depois de lutar pela libertação do norte da África, eles chegaram à Inglaterra, de onde partiram no início de agosto para desembarcar na Normandia e continuar sua luta na França e na Alemanha.

Na noite de 24 de agosto de 1944, eles entraram na capital pelo Portão Italiano (no sul) a bordo de veículos blindados com nomes de batalhas da Guerra Civil Espanhola, como Guadalajara, Madri e Teruel.

Em menos de uma hora, essa coluna avançada liderada pelo capitão Raymond Dronne atravessou metade da cidade sem disparar um único tiro até a prefeitura, onde foi recebida por combatentes da resistência.

Um dia depois, a maior parte da 2ª DB entrou em Paris e La Nueve participou dos combates. Em 26 de agosto, eles escoltaram o General Charles de Gaulle durante o desfile da Libertação na Champs Elysées.

Mas esses heróis foram esquecidos por décadas, especialmente quando a França, marcada pela colaboração do regime de Vichy, teve que mostrar que a libertação de Paris foi obra de franceses.

Nos anos 2000, o reconhecimento coletivo começou a chegar. Em 2015, a cidade de Paris chegou a criar o Jardin des Combattants de la Nuit (Jardim dos Combatentes da Noite), ao lado da prefeitura.

O ministro espanhol da Memória Democrática, Víctor Ángel Torres, anunciou neste sábado que o governo espanhol declarou esses jardins um “Lugar de Memória”, o primeiro na Europa fora da Espanha.

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