Espanha e Mauritânia concordaram, nesta quarta-feira (28), em colaborar no combate à imigração ilegal, durante uma visita do presidente do governo espanhol Pedro Sánchez a três países africanos para conter as chegadas irregulares no país europeu.

Em declaração conjunta, ambos os governos se comprometeram a "trabalhar juntos para promover uma migração segura, ordenada e regular" e garantir "um tratamento justo e humano aos migrantes".

O líder socialista, que foi recebido em Nouakchott na terça-feira pelo presidente Mohamed Ould Cheikh El Ghazouani, defendeu uma atitude firme contra as redes de tráfico de pessoas e o tratamento humanitário dos migrantes.

"A imigração não é um problema, mas uma necessidade que vem acompanhada de certos problemas. Devemos lutar contra as máfias que traficam seres humanos e brincam com vidas humanas" e que se aproveitam "das péssimas condições e do desespero de quem recorre à migração irregular", declarou Sánchez.

Pressionado internamente pela crise migratória, com um aumento acentuado do número de migrantes chegando à Espanha, o presidente do governo espanhol visita a Gâmbia nesta quarta-feira e o Senegal, na dia seguinte.

As três nações africanas, localizadas na costa atlântica, são pontos de partida de milhares de africanos que tentam chegar à Europa em busca de um futuro melhor, cruzando o oceano, sobretudo através das Ilhas Canárias espanholas. Milhares de pessoas morreram nesta travessia nos últimos anos.

- Migração circular -

Em declaração conjunta, os dois governos "insistem na necessidade de combater o racismo e a xenofobia".

Também assinaram um "memorando de entendimento" sobre "migração circular": a Espanha informará a Mauritânia de suas necessidades de mão de obra, selecionando os candidatos em um "projeto piloto" com duração inicial de um ano e com especial atenção aos jovens e às mulheres.

Aqueles que se candidatarem serão entrevistados e, se necessário, testados. Também será solicitado que obtenham um visto e assinem um contrato, além de concordarem em retornar ao seu país no final da vigência do mesmo.

A Espanha já aplicou esta fórmula "com sucesso" em outros países, disse Sánchez, anunciando que seu governo vai atribuir meio milhão de euros (R$ 3 milhões na cotação atual) a uma iniciativa de formação na Mauritânia. 

Segundo uma fonte da Presidência espanhola, este país africano acolhe atualmente cerca de 200.000 refugiados vítimas da instabilidade na região do Sahel, entre eles muitos malianos, que poderiam migrar para as Ilhas Canárias. 

Ainda não se sabe o valor total dos acordos que serão assinados com estes países — principalmente a Mauritânia, para onde Sánchez já viajou em fevereiro — para ajudá-los e incentivá-los a intensificar os esforços para prevenir esta migração ilegal.

Entre 1º de janeiro e 15 de agosto deste ano, 22.304 migrantes chegaram às Ilhas Canárias, em comparação aos 9.864 no mesmo período de 2023, um aumento de 126%.

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