Um ex-político de Las Vegas foi declarado culpado por homicídio em primeiro grau nesta quarta-feira (28), pelo assassinato de um jornalista que havia investigado e escrito sobre supostas irregularidades em sua gestão.
Robert Telles, ex-administrador do condado de Clark, em Las Vegas, foi processado pelo assassinato de Jeff German, um jornalista veterano do Las Vegas Review-Journal que foi esfaqueado várias vezes em frente à sua residência em setembro de 2022.
Após 12 horas de deliberação, um júri composto por 12 cidadãos concluiu de maneira unânime que Telles, detido desde 2022, era "culpado", e que "o assassinato foi voluntário, deliberado e premeditado". Telles, 47, ouviu o veredito olhando para o chão e balançando a cabeça, em negação.
"A justiça foi feita", disse Steve Wolfson, promotor do condado de Clark. "O veredito de hoje deve enviar uma mensagem clara: que nenhuma tentativa de silenciar a imprensa, ou de silenciar ou intimidar um jornalista, será tolerada", acrescentou, em coletiva de imprensa.
O tribunal deve agora avaliar a sentença por homicídio em primeiro grau, com agravantes, que pode resultar em prisão perpétua.
O Las Vegas Review-Journal publicou em seu site os artigos assinados por German, assassinado aos 69 anos. "O júri do condado de Clark fez justiça por Jeff German", disse o editor executivo do jornal, Glenn Cook, em comunicado divulgado hoje. "Suas reportagens responsabilizaram um funcionário público por sua má conduta e permitiram aos eleitores escolher outro para aquele cargo", destacou.
Advogado de formação, Telles afirmou ser vítima de conspiração, enquanto sua defesa questionou a investigação. A Promotoria apresentou provas, como um vídeo de câmeras de segurança do dia do crime, que mostra um homem vestindo jaqueta laranja, chapéu e tênis no bairro de German. As imagens também mostram o homem dirigindo uma caminhonete que, segundo a investigação, pertencia ao político.
"Ele o assassinou porque as reportagens de Jeff destruíram a sua carreira, sua reputação, provavelmente ameaçaram seu casamento e expuseram coisas que ele admitiu não querer que se tornassem públicas", disse o promotor Christopher Hamner em sua argumentação final, na segunda-feira.
A investigação de German citava queixas contra Telles por intimidação, favoritismo e outras irregularidades em um escritório do governo local que gerencia propriedades de pessoas que morrem sem deixar testamento.
Desde 1992, um total de 14 jornalistas foram assassinados nos Estados Unidos, segundo o Comitê para a Proteção de Jornalistas.
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