Estudantes judeus da Universidade de Columbia foram perseguidos e assediados durante as manifestações pró-palestinos da primavera-verão na renomada instituição de Nova York, aponta um relatório sobre antissemitismo divulgado nesta sexta-feira (30).

Mais de 500 estudantes falaram sobre suas experiências na rotina universitária - tanto nas aulas quanto nos dormitórios ou nas redes sociais - durante as manifestações, iniciadas em Columbia e que se espalharam pelos Estados Unidos, em protesto contra o conflito entre Israel e o Hamas na Faixa de Gaza.

"Os incidentes dolorosos e penosos de antissemitismo relatados nesse relatório são totalmente inaceitáveis. São contrários aos nossos valores e aos princípios de tolerância e inclusão que nos definem", disse a presidente interina da universidade, Katrina A. Armstrong. "As experiências desses estudantes mostraram que existe uma necessidade urgente de reformar as normas sociais cotidianas em todos os campi da universidade."

O relatório aponta que alguns estudantes preferiam não dar sua opinião, por medo de serem identificados e criticados, o que ocorria não apenas com os estudantes sionistas, mas também afetou judeus pró-palestinos.

Um estudante judeu que participou dos protestos em favor dos palestinos foi chamado de "rato judeu", "judeu simbólico", "judeu que se odeia" e "vergonha". Outro disse ter visto uma estudante que usava uma estrela de Davi e um lenço palestino ser agredida.

"Qualquer expressão de conexão com Israel - amigos ou parentes, tempo passado naquele país - bastava para prejudicar as relações com outros estudantes", observaram os autores. "Os problemas que encontramos são sérios e generalizados, e o pacto social foi quebrado", concluíram.

Alguns fatos ocorreram mesmo antes de um grupo de estudantes pró-palestinos montar um acampamento para exigir um cessar-fogo na Faixa de Gaza e a retirada do investimento da universidade em ativos relacionados com Israel ou a venda de armas àquele país, que culminou com a ocupação do prédio Hamilton Hall, antes do despejo policial. "As experiências durante esse período foram, inclusive, mais extremas", ressaltaram os autores.

Segundo Katrina, "esta é uma oportunidade de reconhecer o dano causado e de nos comprometermos a fazer as mudanças necessárias para melhorarmos e voltarmos a nos dedicar, como líderes da universidade, indivíduos e comunidade, à nossa missão fundamental de ensino e pesquisa".

A reitora da universidade, Nemat Shafik, questionada por ter permitido a entrada das forças de ordem no campus para acabar com os protestos, anunciou no último dia 15 sua demissão.

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