Ismael "El Mayo" Zambada, cofundador e líder do cartel de Sinaloa, deve comparecer nesta quinta-feira (1º) a um tribunal do Texas, uma semana depois da sua captura na fronteira com os Estados Unidos, depois de ter sido aparentemente traído por um filho de "El Chapo" Guzmán.

Durante a audiência em um tribunal federal de El Paso, as partes deverão receber detalhes sobre as acusações de tráfico de drogas, lavagem de dinheiro e homicídio, das quais Zambada se declarou "inocente" durante uma primeira audiência na sexta-feira, dia seguinte à sua detenção.

Zambada e o seu advogado, Frank Pérez, devem comparecer ao tribunal às 13h00 locais, no âmbito de um procedimento de pré-julgamento que deverá começar meses depois, no qual o mexicano poderá fornecer informações valiosas. 

De acordo com o ex-chefe de operações internacionais da DEA, Mike Vigil, Zambada, que na década de 1980 fundou o cartel de Sinaloa com o agora preso Joaquín "El Chapo" Guzmán, "deverá fornecer informações muito valiosas sobre políticos de alto escalão no México que lhes forneciam proteção" para operar.

Vigil lembrou que Jesús Vicente Zambada, "El Vicentillo", filho de "El Mayo", foi extraditado para os Estados Unidos em 2010 e, após um acordo, tornou-se um dos informantes de "El Chapo". Aparentemente ele está livre e no território dos Estados Unidos.

"Seu filho Vicente, quando foi extraditado, disse que seu pai tinha um orçamento de um milhão de dólares por mês para pagar subornos", lembrou Vigil em conversa com a AFP. 

"El Mayo" Zambada, 76 anos, foi preso na quinta-feira passada junto com Joaquín Guzmán López, filho do capo Joaquín "El Chapo" Guzmán, após pousar em um avião particular em um aeroporto de Santa Teresa, Novo México, perto de El Paso, Texas, onde ele agora está sendo processado. 

Guzmán López também foi detido, mas transferido para Chicago, onde na terça-feira também se declarou "não culpado" de tráfico de drogas. Seu advogado descartou que houvesse um acordo entre Guzmán e o governo dos Estados Unidos.

O advogado Frank Pérez disse à imprensa que seu cliente foi sequestrado e depois levado de avião para território americano. 

"Isso não resiste à lógica, o líder de um cartel não anda sem escolta de segurança (...) Aparentemente Guzmán filho disse ao 'El Mayo' para ir ver uma fazenda e depois pegou o avião para Santa Teresa, Novo México", acrescentou Vigil. 

O advogado de Guzmán filho, Jeffrey Lichtman, esclareceu que seu cliente não é acusado de sequestro. 

As autoridades mexicanas informaram que não participaram da operação e detalharam na segunda-feira que os Estados Unidos também negaram tê-la planejado.

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