Duas medalhas de prata em derrotas para os Estados Unidos. As duas na prorrogação, com Marta em campo. Mas o Brasil e sua 'rainha' acreditam que a terceira vez será diferente, com vitória na final olímpica dos Jogos de Paris e, enfim, a medalha de ouro.

A seleção feminina do Brasil chegou à capital francesa sem o status de favorita, apenas com a incógnita de até onde chegaria sob o comando do técnico Arthur Elias, que assumiu a equipe em setembro do ano passado com a missão de conseguir melhores resultados depois da decepcionante campanha na Copa do Mundo.

"Sempre falei, desde que eu assumi a Seleção Brasileira, externamente, que íamos competir e disputar com todos e colocar o Brasil no patamar que merece. Mas, para o grupo, eu sempre falei que a gente ia ser campeão olímpico ou da Copa do Mundo", disse Elias depois da vitória por 4 a 2 sobre a Espanha, atual campeã mundial, nas quartas de final dos Jogos, em Marselha.

Por enquanto, com um futebol intenso e veloz, o Brasil vai à sua terceira final olímpica no próximo sábado (10), em Paris, contra o mesmo adversário que frustrou o sonho dourado nos Jogos de Atenas-2004 e de Pequim-2008: os Estados Unidos, que conseguiram dois de seus quatro títulos olímpicos sobre a Seleção Brasileira.

- Revanche? –

O time brasileiro chega à decisão depois de duas vitórias que dão moral às jogadoras, mesmo com a suspensão de Marta: 1 a 0 sobre a anfitriã França nas quarta de final, e os 4 a 2 sobre as espanholas nas semis.

"Sabemos da qualidade delas [jogadoras dos EUA], mas também da nossa força, e vamos com tudo", disse à AFP a atacante Gabi Portilho, artilheira da Seleção no torneio olímpico com dois gols.

As vitórias sobre duas fortes candidatas a medalha serão o cartão de visita para tentar destronar o renascido 'Team USA', da treinadora Emma Hayes.

Sob o comando de Hayes, as americanas se recuperaram do fiasco no Mundial do ano passado e chegam à final em Paris com cinco vitórias em cinco jogos.

Mas o confronto desperta os fantasmas do que aconteceu em Atenas e Pequim, na década mais gloriosa do futebol feminino do Brasil. Entre uma final olímpica e oura, as brasileiras também foram vice-campeãs mundiais em 2007, na China, com derrota para a Alemanha na final.

Daquela geração brilhante, liderada por Formiga, Cristiane e Marta, somente a camisa 10, aos 38 anos, terá chance de revanche.

Considerada a maior jogadora da história, dona de seis prêmios de melhor do mundo, Marta tinha 18 anos quando os Estados Unidos derrotaram o Brasil por 2 a 1 na prorrogação com um gol de Abby Wambach, na final dos Jogos de Atenas.

A atacante foi titular no primeiro de seus seis Jogos Olímpicos e peça fundamental ao longo de um torneio em que se estabeleceu como realidade, depois de se apresentar ao mundo com três gols na Copa de 2003.

Mais madura, quatro anos depois, foi novamente titular no jogo pela medalha de ouro em Pequim, onde novamente americanas, treinadas por Pia Sundhage e com Hope Solo no gol, venceram na prorrogação por 1 a 0, gol da meio-campista Carli Lloyd.

- Um retorno diferente -

A situação é diferente para a luta pelo ouro no Parque dos Príncipes, em Paris.

Embora tenha mostrado que sua visão de jogo está intacta, Marta está no epílogo de sua carreira e cumpriu suspensão nos últimos dois jogos da Seleção por ter sido expulsa na derrota por 2 a 0 para a Espanha na última rodada da fase de grupos.

Sem a camisa 10, suas companheiras tiveram suas melhores atuações e dedicaram a classificação à 'rainha', que acompanhou a vitória na semifinal das arquibancadas do estádio Vélodrome de Marselha.

Apesar do simbolismo, Arthur Elias não garante que Marta será titular contra os Estados Unidos. Ela está a dois gols de superar a atacante Cristiane (14) como maior artilheira da história dos Jogos Olímpicos, entre homens e mulheres.

"Tomara que possa sair daqui com a medalha de ouro", disse Gabi Portilho.

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